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A UFMG e o Instituto Unimed/BH assinam hoje (terça, 7, às 9h), no Museu de História Natural e Jardim Botânico, convênio para a restauração, ampliação e modernização do Presépio do Pipiripau, uma das obras mais importantes do artesanato popular de Belo Horizonte. A Universidade será representada pela vice-reitora, Rocksane Norton. A reforma, que deve começar em março com previsão de conclusão de dois anos, está estimada em cerca de R$ 1 milhão, dos quais R$ 565 mil serão financiados pelo Instituto Unimed por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A UFMG arcará com o restante dos recursos. Elaborado pela própria Universidade, o projeto arquitetônico das intervenções já foi aprovado pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A construção de um novo espaço para abrigar o Presépio do Pipiripau visa atender de forma mais adequada ao grande fluxo de público, envolvendo aspectos de segurança e conforto ambiental. A casa em que ele está abrigado será demolida e, como o presépio não pode ser desmontado, ele ficará dentro um contêiner durante os trabalhos de restauração O novo espaço será construído simultaneamente. Sob responsabilidade do Centro de Conservação e Restauração (Cecor) da Escola de Belas-Artes da UFMG. A restauração artística vai garantir manutenção preventiva e conservação da obra. Os trabalhos vão incluir pesquisa de materiais, limpeza e pintura das peças, mapeamento e manutenção da estrutura mecânica, entre outras atividades. Para o período em que o presépio estiver fechado para visitação, o Museu planeja a exposição do Pipiripim, versão reduzida e itinerante, além de exibição de fotografias e documentários sobre o Pipiripau. 586 figuras móveis O presépio, que ocupa hoje 20 metros quadrados no Museu de História Natural e Jardim Botânico, é constituído por 586 figuras móveis, distribuídas por 45 cenas, que contam a história da vida e da morte de Jesus Cristo, ambientada no cotidiano de uma cidade e retratando aspectos do trabalho, do lazer e da religiosidade. A obra foi iniciada em 1906, quando Raimundo Machado, na época com 12 anos de idade, colocou o Menino Jesus em uma caixinha de sapatos forrada de musgos e cabelos de milho. Ao longo de sua vida, o artista foi acrescentando personagens e novas cenas, dando ao presépio vida e movimento, lançando mão dos recursos tecnológicos disponíveis. O primeiro movimento utilizou um sistema de repuxo d’água, mais tarde um gramofone de corda, lampião de querosene e gasômetro. A máquina a vapor, em 1920, proveu energia para a movimentação do Pipiripau, e com a eletricidade, em 1927, ele ganhou luz. Hoje, um motor elétrico ligado a fios, barbantes e cordas movimenta toda a arte do presépio.
O Pipiripau foi concebido no início do século passado pelo artesão Raimundo Machado e construído paulatinamente ao longo de várias décadas. Em 1976, foi incorporado ao patrimônio da UFMG e desde então ocupa espaço nobre no Museu de História Natural e Jardim Botânico, onde recebe grande fluxo de visitantes, principalmente no mês de dezembro.