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Em solenidade na manhã desta quarta-feira, no campus Pampulha, a UFMG assinou contrato de licenciamento de tecnologia que permitirá à Fundação Ezequiel Dias (Funed) produzir kit para diagnóstico de leishmaniose visceral canina a ser utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS). O modelo de transferência utilizado é inédito para a Universidade, porque não estabelece previsão de remuneração pelo uso da tecnologia, desenvolvida por grupo de pesquisadores coordenado pelo professor Wilson Mayrink, 87 anos, aposentado do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). A decisão pelo licenciamento não oneroso justifica-se pelo fato de a tecnologia estar relacionada ao diagnóstico de doença negligenciada e de grande impacto sobre a saúde pública (leia mais no Boletim UFMG). “É uma grande honra estar aqui neste momento. É o final de uma trajetória de 41 anos de pesquisas, de luta, de viagens ao interior de Minas, ao Nordeste e ao Norte brasileiros”, disse Wilson Mayrink, diretor do projeto. Mayrink também desenvolveu da vacina humana contra a doença, que também deverá ser disponibilizada produção, a partir do modelo de licenciamento não oneroso. Professor emérito da UFMG, Wilson Mayrink destacou a colaboração de diversos pesquisadores durante sua trajetória, como Amílcar Viana Martins, de quem foi aluno. “É uma glória ver que os estudos de imunologia, em particular sobre leihsmaniose, chegaram ao ponto de beneficiar a sociedade”, comentou. A tecnologia Método e kit para diagnóstico de leishmaniose visceral está protegida junto ao INPI por meio do pedido de patente PI1000664-8. Seus inventores são os pesquisadores Wilson Mayrink, Maria Norma Melo, Marilene Suzan Marques Michalick, Eloisa de Freitas e Soraia Oliveira Silva. O kit foi desenvolvido no setor de leishmaniose do Departamento de Parasitologia do ICB e envolveu os laboratórios de Biologia da Leishmania, de Sorologia e de Leishmanioses. Exames “A Funed coordena essa rede e, além dos exames, promove a capacitação dos técnicos, monitoramento da qualidade dos testes de outros laboratórios e supervisão deles. Só em 2011 analisamos 440 mil amostras de toda a rede”, informa a técnica do Serviço, Maria Regina Lages Guerra. O grande benefício do estudo, segundo a pesquisadora Sophie Yvette Leclercq, da Funed, é assegurar a regularidade da distribuição e evitar interrupções na realização dos exames. Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte evidenciam que a irregularidade no repasse de kits está entre os fatores limitantes do programa de controle da leishmaniose visceral. Atualmente, apenas o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) produz o teste, que é ofertado pelo Ministério da Saúde para todos os laboratórios centrais de saúde pública do país (Lacens) que realizam o exame.
De acordo com a Funed, em 2011 seu Serviço de Doenças Parasitárias – que é referência nacional em diagnóstico de leishmaniose visceral – foram processadas 19.677 amostras para diagnóstico da doença canina. Em toda a rede de laboratórios públicos e privados de Minas foram realizadas quase meio milhão de amostras de animais com suspeita de doenças.