Um dos principais responsáveis pelos avanços na compreensão do genoma dos organismos complexos alcançados nas últimas décadas, o cientista australiano John Mattick faz um balanço de suas pesquisas em palestra nesta terça-feira, dia 22, às 16h, no Auditório Nobre do CAD 1, campus Pampulha da UFMG. Laureado, entre outros, com o prêmio Chen para Notável Realização Acadêmica em Genética Humana e Pesquisa Genômica, da Organização do Genoma Humano (Hugo), Mattick dividiu o mundo científico, nos anos 1990, com teorias radicais sobre os longos segmentos de DNA que não codificavam proteínas, mas geravam RNAs. Esta era uma nova ramificação do chamado Dogma Central da Biologia, que até então parecia uma via de mão única: DNA gera RNA que gera proteínas. Mais tarde, Mattick encarregou-se de provar que DNA e RNA dividem o papel principal nessa trama. Para o cientista, a genética foi mal compreendida nos últimos 50 anos por conta da crença na premissa de que toda a informação genética ganha vida na pele de proteínas. De fato, uma fração do DNA codifica proteínas nos organismos complexos, mas numa fração de apenas 1,5% no genoma humano. Por muito tempo, acreditou-se que os outros 98,5% eram “lixo”, até se constatar a existência de vias alternativas que não se limitavam às proteínas e dependiam de RNAs funcionais. A ruptura com essa visão tradicional da biologia molecular veio, em grande parte, a partir do trabalho de John Mattick com o “lixo genômico”.