Encontro aberto ao público na manhã deste sábado, 23, no Espaço TIM UFMG do Conhecimento, será dedicado ao debate sobre a Copa do Mundo e seus impactos na cidade. Parte da programação do Café Controverso, o evento terá início às 11h, com a participação de Regina Helena Alves da Silva, coordenadora da pesquisa Cidade e Cultura: rebatimentos no espaço público contemporâneo, e Fernanda Fonseca Quadros, ex-gerente de projetos de turismo e cultura da Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa-MG) e atual diretora da empresa responsável pela operação do Mineirão. Fernanda Fonseca defende que as medidas tomadas atualmente já estavam previstas há muito tempo. “Não foi em função da Copa; são coisas de que a cidade precisava. Todas as obras que estão sendo realizadas deixam um legado para a população”, assegura. E aponta ainda outros benefícios: “Além de estimular melhoria da infraestrutura, a Copa gera mais emprego e renda, promove giro de capital, incentiva e financia a capacitação de profissionais etc.”. Outras informações pelo telefone 3409-8350. (Com assessoria de imprensa do Espaço TIM UFMG do Conhecimento)
As convidadas têm pontos de vista bastante distintos. Fernanda apoia a acolhida do acontecimento em Minas: “É a nossa chance de mostrar ao mundo o que eles precisam saber acerca de nosso estado. Temos 60% do patrimônio histórico nacional, abrigamos patrimônios mundiais, nossa gastronomia é reconhecidamente genuína e brasileira, arte e arquitetura mineira são atrativos turísticos”, afirma. Para ela, o Brasil é um país emergente, em processo de mudança, e essa seria a oportunidade de consolidar uma imagem. Regina Helena, por sua vez, crê que a visibilidade promovida não justifica a adesão à iniciativa. “Nota-se urgência e correria em torno de uma questão de imagens que nem é tão bem trabalhada. Já existe uma representação do Brasil no exterior. A gente não precisa reafirmar o mesmo; temos que sair do lugar”, pondera.
A pesquisadora da UFMG questiona as razões que levaram os governos a abrigarem o Mundial de futebol, uma vez que há dados que evidenciam os impactos negativos do evento nos locais onde já foi realizado. “As obras de infraestrutura e revitalização são feitas para responder a uma demanda que dura pouquíssimo tempo, e não levam em conta os usos e apropriações tradicionais. Verifica-se uma ingerência brutal sobre a autonomia dos espaços”, opina.
Integrante do Projeto Jogos Limpos, que atua em ações coletivas de monitoramento dos orçamentos destinados ao Mundial, Regina Helena acredita que as verbas não são distribuídas de maneira qualificada, e defende: “Se esse dinheiro (que é nosso, não vem de fora) fosse revertido para políticas públicas, poderíamos implementar essas mesmas mudanças sem o evento, com impactos bem menores e de maneira mais sustentável”. Ela ilustra o argumento com dois exemplos: a re-execução de obras como a da avenida Antônio Carlos, recém-inaugurada, e o desalojamento de comunidades e posterior descaso com as consequências dessa desocupação. “Ações como essas geram na cidade conflitos absolutamente desnecessários”, comenta.