O artista vale-se da subjetividade para alcançar a sutileza. O ângulo fotografado indica que o espectador é baixo, como se o padre estivesse oferecendo o pirulito a uma criança. O enquadramento da fotografia alcança da parte inferior do rosto do religioso até pouco acima dos joelhos, para vetar sua identidade, como um criminoso que não pode ser revelado. Em primeiro plano está a mão oferecendo o pirulito, símbolo que dialoga diretamente com o universo infantil. Na primeira das pinturas, Tomé utilizou na fotografia a embalagem de pirulito com a marca Pop, que remete à obra Just what is it that makes today´s home so different, so appealing? (O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?), do artista Richard Hamilton, e à pop art. Mais informações no site do Centro Cultural
O Centro Cultural UFMG (avenida Santos Dumont, 174) abriga, até 9 de setembro, a exposição Padres Podres, do artista plástico Álvaro Tomé. A mostra é formada por pinturas suaves e irônicas inspiradas nas recentes descobertas e midiatização de abusos sexuais envolvendo membros do clero. Tomé fotografa e, posteriormente transforma em pintura, pessoas vestidas de padres segurando um pirulito em posição de oferta ao espectador.