É certo falar errado? Respostas para tal pergunta, que em certa medida traduz o velho debate sobre os conflitos que envolvem o padrão normativo e o uso popular da língua portuguesa, motivam a edição deste sábado, 25 de agosto, do projeto Café Controverso, do Espaço TIM UFMG do Conhecimento, localizado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. O debate reunirá a partir de 11h, com entrada aberta ao público, o professor Luiz Carlos Assis Rocha, da Faculdade de Letras da UFMG e que já atuou como docente da rede estadual de ensino, e Pedro Perini-Santos, dos cursos de Letras e de Comunicação Assistiva da PUC-MG. Ambos são linguistas, mas assumem pontos de vista diferentes em relação ao ensino da língua portuguesa e ao seu uso cotidiano. A normatização linguística molda os usos diversificados da linguagem, sendo, pois, um movimento não natural e regulamentador. O problema estaria em como se encara essa prescrição, na avaliação Pedro Perini-Santos. “Nossa relação com a variação linguística é muito hostil", diz ele, apontando o uso do termo “norma culta” como exemplo dessa hostilidade. "É uma expressão agressiva, pois seu oposto pressupõe falta de cultura”, defende Perini-Santos, que identifica preconceito linguístico contra as pessoas que têm dificuldades de se comunicar segundo o padrão normativo. Distinção O debate entre os dois linguistas incluirá questões relacionadas ao ensino do português entre os estudantes do ensino básico e o lugar da ciência linguística e da língua portuguesa nos diversos âmbitos sociais, como escola, mercado de trabalho e academia. Mais informações sobre o Café Controverso e o Espaço TIM UFMG do Conhecimento, que integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade neste endereço, ou pelo telefone 3409- 8350.
Luiz Carlos Rocha, por sua vez, crê que se deve estabelecer uma separação entre as disciplinas da linguística e da língua portuguesa. Professor de ambas, esclarece que “elas possuem objetivos diferentes, mas muita gente não os distingue”. Para Luiz Carlos Rocha, “a sala de aula não é lugar de se fazer linguística”. O papel da disciplina nas escolas, de acordo com ele, é inserir os estudantes no mundo letrado e ensiná-los a língua padrão.
Nesse sentido, há, no entendimento de Rocha, uma clara distinção entre o ensino ministrado nas faculdade de letras – cuja missão é formar professores, que devem “aprender toda a parafernália da gramática” e compreender a linguística – e o ensino escolar –, que tem o objetivo de fornecer instrumentos para o domínio normativo da língua, ajudando os alunos a utilizá-la de acordo com a situação em que estão inseridos. “Isso é tão importante quanto outras habilidades exigidas pelo mercado. A própria sociedade demanda indivíduos que usem o português na forma adequada, em contextos adequados”, justifica Luiz Carlos de Assis Rocha.
(Com Assessoria de Comunicação do Espaço TIM UFMG do Conhecimento)