Cerca de 600 participantes, entre professores, pesquisadores, estudantes e profissionais das áreas de economia, história, demografia e políticas públicas participam de sessões temáticas, mesas-redondas, conferências e atividades culturais. Como já é tradição, o evento, bienal, reúne convidados brasileiros e estrangeiros, que atualizam o debate sobre a produção científica em áreas temáticas, além de estabelecer diálogo com questões mais amplas da cultura brasileira. O nome da cidade, incorporado ao subtítulo do evento, deixa transparecer a importância que Diamantina tem para o sucesso do seminário. “A escolha do local não foi um acaso”, resume o professor Hugo da Gama Cerqueira, diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG, entidade responsável pela iniciativa. Nesta entrevista ao Portal UFMG, Cerqueira explica a importância da interação que o ambiente do seminário proporciona entre pessoas e áreas do conhecimento. De que modo o ambiente da cidade influencia no sucesso do seminário? É o papel dos espaços de interação... E Diamantina reproduz essa interação? Esse ambiente facilita a elaboração dos temas para as próximas edições? Os trabalhos que serão apresentados no XV Seminário sobre a Economia Mineira podem ser consultados aqui.
Foca Lisboa/UFMG
A histórica Diamantina será palco, a partir desta quarta-feira, 29, do Seminário sobre a Economia Mineira, realizado na cidade há exatos 30 anos. O evento tem transmissão ao vivo.
Foca Lisboa/UFMG
De um lado por tirar da rotina centenas de pessoas e colocá-las em um cenário que tem história e densidade cultural, uma cidade acolhedora, agradável. Isso, de certa maneira, contamina as pessoas, elas se abrem para um tipo de interação que no seu dia a dia não têm.
Claro que o conteúdo das conferências e sessões é fundamental, mas boa parte dos efeitos do seminário acontece nos corredores, nos intervalos, à noite quando as pessoas vão para a programação cultural. Dali saem ideias para projetos futuros, contatos para a próxima pesquisa ou para quem está saindo para fazer uma pós-graduação, enfim, isso cumpre um papel decisivo, que é difícil de quantificar, mas ninguém duvida que esse é um lado muito importante do evento.
Isso está cada vez mais claro dentro da academia. É possível perceber, por exemplo, como mudou a nossa vida com a transferência da Faculdade de Ciências Econômicas para o campus Pampulha. A possibilidade de estabelecer contatos com pessoas de outras áreas afetou positivamente nossa maneira de entender a Universidade.
O Cedeplar sempre foi uma instituição preocupada em fazer trabalhos interdisciplinares, mais do que multidisciplinares. Essa já era uma preocupação nossa há muito tempo, tanto que tivemos projetos de pesquisa muito amplos nas áreas de planejamento urbano e regional, saúde, migrações, meio ambiente, sistemas de inovação ou seja, temas que requerem abordagens multi, inter e às vezes transdisciplinares. Mas é completamente diferente fazer isso a partir de unidade isolada ou no campus, onde são muitas as oportunidades de encontrar colegas de outras áreas. Às vezes, até mesmo de uma conversa na hora do almoço surgem ideias e compromissos de realizar trabalhos conjuntos.
Sim, e também com colegas de outras instituições, de Minas e de fora. Lá ficamos focados no encontro, expostos a centenas de trabalhos de temas muitos variados. Às vezes o pesquisador entra em uma sessão sobre um tema que não é propriamente o seu assunto de pesquisa, e ali percebe a possibilidade de algo que está sendo dito interessar para o seu trabalho. Essa “curiosidade ociosa”, ouvindo coisas que não necessariamente são da sua especialidade, mas que por isso mesmo dizem algo de novo, coisas que não ouvira, não suspeitava que pudessem ser ditas, e eventualmente podem contribuir para seu trabalho. Ou seja, tanto no plano do convívio humano, quanto no plano das ideias, essa interação soma muito, e as pessoas falam do seminário com muita satisfação e reconhecimento.
Quando o seminário está acontecendo, nas conversas, já começamos a pensar o que queremos para dali a dois anos. Esse, em particular, que comemora os 30 anos, tem a característica adicional de nos levar a refletir sobre o que fizemos nesses 30 anos, sobre nossa trajetória de pesquisa, o que mudou na economia ou na demografia e o que queremos a seguir.