Fotos Foca Lisboa/UFMG Intitulada Educação em ciência e acesso ao conhecimento, a mesa teve mediação da professora Débora D’Ávila Reis, coordenadora de programas de divulgação cientifica na UFMG, e relatoria de José Fernandes de Lima, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE). Coordenadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Unicamp, Susana Dias concentrou sua apresentação no jornalismo científico e afirmou que a forma de escrever para essa finalidade “precisa ser inventada”, em seus procedimentos e expressões. Para ela, é necessário potencializar o diálogo entre ciência, conhecimento, cultura e vida. “O objetivo não deve ser apenas divulgar feitos e fatos da ciência, ou criticá-los. Por esse raciocínio, o público é o alvo exterior que deve ser atingido pela escrita, considerada uma arma”, alertou Susana Dias, que é doutora em educação pela Unicamp. “Diferentemente, o público deve estar no interior da escrita, e com sua força fazê-la se interrogar, para ir além da mera informação e das dicotomias.” Susana considera que já existe no Brasil maturidade para se perceber que as apostas feitas até agora são insuficientes tanto para jornalistas quanto para cientistas. “Já sabemos que o déficit não é do público, mas da própria divulgação científica. É preciso encontrar novas sintaxes que tornem possível a participação do público, e para isso nossas discussões devem ser deslocadas dos territórios estabilizados e abrir espaço para novas perguntas”, concluiu a pesquisadora. Os museus, de acordo com Moreira, são espaços de educação não formal que podem desempenhar fundamental no apoio à renovação da escola na área da educação em ciência. “Esses espaços ajudam a quebrar preconceitos, introduzem novos métodos e estimulam o aprendizado por meio da experimentação e da emoção”, salientou o pesquisador, que é vinculado ao Departamento de Física da UFRJ. Ildeu Moreira destacou que muitos espaços de ciência têm sido criados desde a década de 1990, mas que ainda enfrentam muitas dificuldades, como na captação de recursos privados e na formação de pessoal. Informou que a visitação dos museus dobrou (de 4% para 8%) no país entre 2006 e 2010, mas que ainda está longe da média europeia, que é de 20%. Para elevar esses números, ele exaltou iniciativas como a promoção de eventos que comemoram anos internacionais de campos científicos diversos e a Semana de Ciência de Ciência e Tecnologia, que envolveu 662 municípios em todas as regiões. “Temos investido na formação de redes de espaços de ciência, em programas que atraem moradores de rua e jovens indígenas e na cooperação e troca de experiências com instituições estrangeiras de forte tradição na divulgação científica”, afirmou Ildeu Moreira. O encontro preparatório para o Fórum Mundial de Ciência terá seqüência esta tarde com discussões sobre Desenvolvimento urbano, sustentabilidade e inclusão e Ética e ciência.
Uma nova forma de escrever – com palavras, imagens e sons – precisa ser inventada para a divulgação da ciência, segundo a professora da Unicamp Susana Dias (foto). E os espaços de ciência precisam atingir as populações das periferias urbanas e do interior do país, para Ildeu de Castro Moreira, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ambos apresentaram palestras esta manhã durante mais uma mesa do encontro preparatório do Fórum Mundial de Ciência (Rio, 2013), que se realiza desde ontem na UFMG.
Emoção no aprendizado
Gestor experiente na implementação de políticas públicas no campo da divulgação científica, Ildeu de Castro Moreira (foto) enfatizou a distribuição ainda injusta dos espaços de ciência no território nacional e a dificuldade de acesso para as classes menos privilegiadas. Lembrou que muitos estados, por exemplo, não têm jardins botânicos, o que deve se lamentar também porque, ele ressalta, o brasileiro tem relação forte com a natureza e costuma frequentar esse tipo de espaço quanto tem oportunidade. Segundo ele, o país deveria explorar melhor esse interesse, criando novos espaços e aprimorando os que já existem.