“O novo cenário geopolítico tem levado a UFMG a expandir a internacionalização”, disse o reitor da Universidade, Clélio Diniz Campolina, na inauguração do Centro de Estudos Africanos, que ocorreu na manhã desta segunda-feira, no campus Pampulha. Com caráter transdisciplinar, o Centro funcionará como referência de estudos em diversas áreas do conhecimento. Segundo o reitor, a proposta é estabelecer uma “parceria solidária”, de acordo com o que se conhece como “integração Sul-Sul”, ou seja, sem submissão nem dominação. Campolina ressaltou, ainda, que a presença de alunos na UFMG e as visitas de professores africanos são condição fundamental para a criação de laços que gerem futuros desdobramentos. Nos próximos meses, serão lançados centros de natureza semelhante dedicados a Europa, América Latina, China e Índia. Parcerias A proposta do projeto é estabelecer uma via de cooperação técnica a longo prazo, com a presença de alunos angolanos na UFMG e de professores da Instituição ministrando aulas na universidade africana. De acordo como o professor da FaE, além de formar mestres e doutores, o intuito é criar núcleos de pesquisa que garantam a continuidade da iniciativa. Também participante do evento, o professor Eduardo Luiz Gonçalves Rio Neto, da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), discutiu, entre outros assuntos, sobre a presença de alunos africanos no programa de pós-graduação em Demografia da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. O primeiro deles, Manuel Costa Gaspar, ingressou no curso mestrado em 1986, um ano após a criação do Programa. Atualmente, Gaspar ocupa cargo de direção do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique, sua terra-natal. “Uma das características dos estudantes africanos que se formam no Brasil é o alto índice de retorno a seus países de origem, o que nos coloca na vanguarda internacional”, salientou o professor, observando que nos centros acadêmicos americanos e europeus os alunos tendem a concluir os estudos e permanecer no lugar. “O retorno possibilita a inserção da pessoa em seu próprio país”, enfatizou. Desde sua criação, o programa de pós-graduação em Demografia contabiliza 16 alunos africanos, 13 dos quais já estão formados. Esses estudantes eram originários de Moçambique, Guiné-Bissau e Angola.
Palestrante no evento, o professor Luiz Alberto Oliveira Gonçalves, da Faculdade de Educação (FaE), falou sobre o projeto de cooperação acadêmica desenvolvido desde 2006 entre a UFMG e a Universidade 11 de Novembro, de Angola, voltado para a formação na pós-graduação e a criação de linhas de pesquisa. A parceria foi possível devido à atuação de um ex-aluno angolano da UFMG que estudou na FaE e voltou para seu país, onde se tornaria pró-reitor de assuntos internacionais da Universidade 11 de Novembro.