O professor Rodrigo Duarte, do Departamento de Filosofia da UFMG, participa nesta quinta-feira, 29 de novembro, a partir das 19h30, de debate sobre o tema Sociedade audiovisual – Questão filosófica da relação entre som e imagem na contemporaneidade, no Multiespaço Oi Futuro BH (avenida Afonso Pena, 4.001, bairro Mangabeiras, em Belo Horizonte). Promovido no âmbito do projeto Café das Artes, iniciativa do Instituto duBem Comunicação e Cultura, o debate vai contar também com a participação da professora Imaculada Kangussu, da Universidade Federal de Ouro Preto. A entrada é franca. Desde tempos imemoriais, questionou-se sobre as relações – nem sempre pacíficas – entre som e imagem, entre o sentido da audição e o da visão. Platão, em seu tão divulgado Mito da Caverna, já discutia, entre outras coisas, o papel do homem como espectador. No início da filosofia moderna, Agrippa von Nettesheim abordou o tema, apontando uma suposta inferioridade ética da música em relação ao sentido da visão. Posteriormente, Rousseau e Hegel referiram-se à relação som-imagem como sendo de oposição. Mas é a partir da publicação de O nascimento da tragédia, do filósofo Friedrich Nietzsche, que a oposição entre som e imagem, identificada nas figuras de Dionísio e Apolo, torna-se pedra fundamental na crítica à cultura ocidental moderna. Segundo o professor Rodrigo Duarte, de certo modo essa crítica foi continuada por Theodor Adorno e Hans Eiler no livro Composição para o filme. “A ideia principal da obra é que a tensão entre som e imagem no filme possibilita ao espectador um acesso crítico, sendo uma maneira de evitar a leviandade esmagadora da maioria deles. Porém, isso não acontece habitualmente porque a indústria cinematográfica não se preocupa com a expressão correta, mas apenas com o lucro imediato”, afirma. O tema é abordado, por exemplo, pelo filósofo contemporâneo Vilém Flusser, que chega a apontar nessa questão a transição entre o período histórico e a pós-história que estaríamos vivendo. Em sua participação no Café das Artes, Kangussu se propõe a refletir sobre as vantagens e desvantagens desse fenômeno no que diz respeito à sensibilidade, especificamente, e à vida, de modo geral. Por sua experiência com o cinema, a professora também dará sua contribuição na aplicação dessas questões filosóficas ao cinema contemporâneo. Imaculada Kangussu é arquiteta, pós-doutora pela School of Arts and Science da New York University com o tema Phantasy and reason. E mestre e doutora em Filosofia pela UFMG, com estudos sobre Benjamin e Marcuse. Professora de Estética, Filosofia e História da Arte na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ela é autora de vários artigos e ensaios sobre cinema. Outras informações pelo endereço cafedasartes@gmail.com ou pelo telefone (31) 3222-1711. (Assessoria de Imprensa da UFMG)
Para a professora Imaculada Kangussu, “na atualidade, entre as principais questões relativas ao som e à imagem está a proliferação de produtos sonoros ou imagéticos massivamente reproduzidos e divulgados e as consequências desse bombardeamento diário de sons e imagens, dos quais não conseguimos escapar”.
Convidados
Rodrigo Duarte é filósofo, pós-doutor pela Universidade da Califórnia (EUA) e pela Bauhaus Universität Weimar (Alemanha) e professor da UFMG. Presidente da Associação Brasileira de Estética (Abre), escreveu Teoria critica da indústria cultural.