Dos 454 trabalhos inscritos, 77 concorreram na categoria Saúde Bucal. Os projetos foram submetidos a um júri formado por 79 nomes do campo da saúde. Vinte e cinco trabalhos foram pré-selecionados e três saíram vencedores, dentre eles o projeto da UFMG. Ao todo, participaram do evento 2156 profissionais de 604 instituições diferentes. A partir daí, foi realizado um trabalho de conscientização da população sobre as causas da doença, já que muitos pensavam que as manchas eram indícios de cárie e as associavam à falta de higiene. A ação promoveu também processo de recuperação dos dentes de crianças e adolescentes vítimas da fluorose, trabalhando não só a saúde bucal, mas a autoestima dos jovens. Atualmente a equipe busca alternativas baratas para a purificação da água da região, já que os moradores não veem razão para pagar por ela quando dispõem da água dos poços, ou não conseguem se manter com o que é trazido pelos caminhões-pipa ou captado pela chuva."É muito difícil prevenir a doença por causa dos problemas de abastecimento da região e da ausência de uma vigilância epidemiológica", explica a professora Efigênia Ferreira e Ferreira. (Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão da UFMG)
O projeto Fluorose endêmica no norte de Minas Gerais, que promoveu a recureração dos dentes de crianças e adolescentes no Norte de Minas, foi um dos três premiados na categoria Saúde Bucal do Prêmio Saúde 2012, promovido pela revista Saúde é Vital, da Editora Abril. A professora Efigênia Ferreira e Ferreira, coordenadora do projeto e pró-reitora de Extensão da UFMG, representou a equipe de pesquisadores em cerimônia na última semana, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Iniciado em 2002, o projeto é realizado em parceria da Faculdade de Odontologia com a extensão do Instituto de Geociências (IGC), e atua nas comunidades rurais dos municípios de São Francisco e Jaíba. As autoras do trabalho são Lia Silva Castilho, Andrea Maria Duarte Vargas, professoras da Faculdade de Odontologia, e Lúcia Fantinel e Leila Menegasse , professoras do IGC.
Dentes frágeis
O trabalho começou quando a equipe multidisciplinar identificou grande número de pessoas com problemas dentários semelhantes em São Francisco e Jaíba. Muitos jovens tinham manchas esbranquiçadas e opacas nos dentes, que se tornavam cada vez mais frágeis até chegarem ao ponto de quebrar – sintomas da chamada fluorose. O problema é próprio da região, já que a água que os habitantes consomem vem de poços profundos, onde o solo é rico em fluorita, substância que dá origem ao flúor, que em excesso pode causar danos aos dentes. Segundo pesquisa realizada pelo Fluorose endêmica em 2003, 90% da população examinada entre 6 e 22 anos sofria de fluorose.