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Paulo Christo: problemas neurológicos dos portadores do HIV ficaram mais evidentes com a eficiência do tratamento e aumento da expectativa de vida

Equipe do Hospital das Clínicas estuda complicações neurológicas provocadas pelo vírus HIV

quarta-feira, 6 de março de 2013, às 5h51

Apesar de muito estudado pelos pesquisadores da área médica, o vírus da aids ainda possui facetas pouco conhecidas pela sociedade. Uma delas é a neuroaids, termo que engloba as manifestações do HIV no sistema nervoso de seus portadores.

A ação do vírus ocorre tanto no sistema nervoso central quanto no periférico, podendo levar a problemas cognitivos como transtornos de memória, alterações neuropsiquiátricas com sintomas depressivos e psicóticos, dor e queimação nos pés em consequência de neuropatias periféricas e até demência.

O médico neurologista Paulo Christo, do Hospital das Clínicas da UFMG, é um dos especialistas dedicados aos estudos sobre neuroaids no Brasil. Ele lidera grupo de pesquisa que estuda as características clínicas das alterações cognitivas e neuropatias periféricas em portadores do HIV.

“Quando o vírus da aids surgiu, as manifestações neurológicas que ocorriam no organismo do paciente eram de natureza oportunista e apareciam devido à baixa imunidade do organismo do doente. Com a melhora do tratamento, a imunidade aumentou juntamente com a expectativa de vida. Com os pacientes vivendo mais, a incidência de problemas neurológicos decorrente da ação direta do vírus ficou mais evidente”, explica o médico.

Se antes a maioria das complicações neurológicas que acometiam os portadores do HIV tinha caráter “oportunista”, como as meningites por fungos, por exemplo, com o aumento da eficiência dos remédios usados no tratamento do HIV, outros tipos de problemas neurológicos passaram a se tornar presentes na vida dos portadores do vírus.

O neurologista Paulo Christo explica que a ação do vírus HIV no sistema nervoso pode levar ao déficit cognitivo leve (quando a pessoa tem algum comprometimento de sua capacidade neurológica, mas consegue levar uma vida quase normal) ou a um quadro de demência, afetando atividades cotidianas como estudo e trabalho.

“Uma das manifestações do HIV que ocorrem no sistema nervoso é a perda de memória, da capacidade de raciocínio, diminuição da rapidez de pensamento e da atenção. Esses problemas podem afetar funções simples do dia a dia do doente, como o estudo e sua capacidade de trabalhar”, diz.

Incidência
Mesmo que o vírus da aids nunca se manifeste no sistema neurológico do seu portador, a equipe do professor Christo constatou, em estudo realizado com 110 pacientes acompanhados no Hospital Eduardo de Menezes, centro de referência em Belo Horizonte, que cerca de 70% apresentavam algum tipo de transtorno. “O quadro de demência é raro, mas o déficit cognitivo leve acomete grande parcela dos pacientes”, afirma.

Para comprovar que os casos de déficit cognitivo tinham relação direta com a presença do vírus nos organismos, foram realizados estudos para comparar grupos de pessoas portadoras do vírus e outros com as mesmas características epidemiológicas, mas que não apresentavam o HIV.

A observação mostrou que a presença de transtornos cognitivos é maior nos portadores do vírus da aids. Além disso, foi constatado que os não portadores do HIV costumam apresentar déficits cognitivos em idade mais avançada e associados a alguma demência vascular ou ao Alzheimer, enquanto nos portadores do vírus da aids esses distúrbios aparecem quando são mais jovens.

O grupo comandado pelo neurologista Paulo Christo é formado por psicólogos, médicos, enfermeiros e estudantes do Hospital das Clínicas. Juntos, eles estão construindo o perfil dos portadores do vírus que se tratam no hospital e avaliando o curso evolutivo dos transtornos cognitivos.

Tratamento
Em 2011, na cidade de Frankfurt, na Alemanha, um grupo de neurologistas, psiquiatras e infectologistas de várias partes do mundo se reuniu para debater os estudos relacionadas à neuroaids. O encontro resultou em publicação no jornal Clinical Infection Disease, que explicitou os possíveis tratamentos para os portadores do HIV que apresentam manifestações neurológicas.

Paulo Christo destaca a importância que o encontro teve para os estudos sobre neuroaids. “A reunião na Alemanha colocou a doença na pauta de discussão dos pesquisadores e permitiu a construção de um consenso a respeito do tema, tendo como base a literatura médica”, diz.

Para o tratamento das complicações neurológicas provocadas pelo vírus HIV, o primeiro passo é a certificação de que elas não têm outra causa além da presença do agente no organismo do paciente, como o uso de algum medicamento ou a falta de vitamina.

Depois dessa análise, as equipes envolvidas devem observar se o tratamento com os coquetéis anti-HIV é feito corretamente e se há aderência e um bom controle do vírus no sangue periférico. Como o vírus pode estar controlado no organismo, mas indetectável no sangue, é importante verificar sua presença no sistema nervoso.

“Constatamos que os distúrbios cognitivos dos portadores do HIV devem ser tratados por uma equipe multiprofissional, composta por médicos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Como a doença não tem cura, a preocupação passa a ser a de dar mais qualidade de vida aos pacientes, e para isso é necessário o controle da infecção através dos antivirais, o tratamento adequado das infecções oportunistas, o suporte psicológico e um diagnóstico rápido da existência de transtornos cognitivos associados ao vírus", afirma o médico.

Como a neuroaids ainda é uma área pouco explorada pelos pesquisadores, o neurologista destaca a importância de que o assunto seja mais discutido nos hospitais, na academia e na imprensa.

“Os médicos começaram a falar de neuroaids há menos de uma década. Como o foco inicial era nas doenças oportunistas do sistema nervoso, os problemas neurológicos causados primariamente pelo HIV acabavam passando despercebidos pelos neurologistas e infectologistas. Não podemos permitir que problemas de ordem neurológica e cognitiva afetem a qualidade de vida desse paciente que hoje vive muito mais do que no início da epidemia”, conclui Paulo Christo.

(Luana Macieira)

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