Em reunião na manhã desta quinta-feira, 2, com a professora Rocksane Norton, reitora em exercício da UFMG, representantes do colegiado do curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei) apresentaram balanço da iniciativa e reivindicações relacionadas à entrada e à permanência dos alunos na Universidade. A possibilidade de fazer as provas do vestibular na língua de cada etnia, moradia para as comunidades indígenas e criação de conselho consultivo indígena que auxilie a Administração da Universidade na elaboração de políticas específicas são algumas das reivindicações que constam no documento. “Temos o compromisso de dar as melhores condições possíveis, uma vez que a Universidade fez a opção por oferecer esses cursos, mas é necessário ter calma, porque a Instituição é lenta em seus procedimentos, e não apenas para as demandas indígenas”, explicou a professora Rocksane Norton, que falou da sua satisfação em receber o grupo. A reitora em exercício destacou que a UFMG tem papel de vanguarda entre as universidades brasileiras, ao manter “com muito êxito” o curso, que vai formar sua segunda turma em agosto desse ano. A primeira turma concluiu o curso em 2011. O Fiei prepara professores indígenas das etnias maxacali, xakriabá, pataxó e guarani, oriundas de aldeias de Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Diversidade Participaram da reunião alunos do curso, lideranças indígenas, pajés e caciques, além de professores do Fiei. Ao se expressarem em suas respectivas línguas, os indígenas procuraram demonstrar a importância do respeito à diversidade. Também ressaltaram a necessidade de os estudantes ficarem abrigados em um único local, e não dispersos pela cidade. Segundo eles, uma moradia indígena ofereceria ambiente adequado para a realização de rituais como as danças e o acolhimento de parentes, em especial os anciãos, o que permitiria a troca de saberes, parte importante da cultura desses povos. De acordo com um pajé, a ausência de rituais espirituais na cidade enfraquece os membros da comunidade. Outro aspecto relatado foi a preocupação dos familiares por saberem que seus filhos moram longe do campus, enfrentando dificuldades com o trânsito e as distâncias. Devido às condições financeiras, além de morarem em duplas ou pequenos grupos, grande parte dos alunos só consegue alugar imóvel longe do campus Pampulha, até mesmo em outros municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Com a finalidade de obter tratamento diferenciado na assistência estudantil, colegiado do curso vai apresentar à Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) cadastro específico, que revele condições diferenciadas desse grupo. Na reunião também foi abordado o preconceito e o desrespeito de que são vítimas os estudantes indígenas. Segundo a coordenadora do curso, professora Shirley Miranda, recentemente foi elaborada carta que será entregue a órgão administrativo da Universidade com relato de mau atendimento por parte de funcionários. “É importante que as denúncias cheguem, pois não há outra forma de acabar com esse tipo de tratamento”, disse a professora Rocksane Norton. Durante o encontro, cerca de 200 membros das comunidades indígenas representadas nos cursos da UFMG aguardaram em frente à Reitoria, com danças e cantos. “A opção de fazer o percurso entre a Faculdade de Educação e a Reitoria em passeata teve o intuito de dar visibilidade a essa comunidade dentro da UFMG”, disse a coordenadora.
Estudantes indígenas movimentaram o saguão da Reitoria com cantos e danças