Foca Lisboa/UFMG |
Estudantes, professores, profissionais e usuários da rede de serviços de saúde mental participaram, na manhã desta segunda-feira, dia 13, da Caminhada Antimanicomial Bela Bologna – Belo Horizonte, atividade que abriu a Semana de Saúde Mental e Inclusão Social. A caminhada, que começou na Moradia Universitária I, no bairro Ouro Preto, passou pela Igrejinha da Pampulha, pelo Centro de Convivência Pampulha e pelo Mineirão. A Semana da Saúde Mental e Inclusão Social está inserida no contexto do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado neste sábado, 18 de maio. O objetivo é sensibilizar e informar sobre a importância da inclusão das pessoas em situação de sofrimento mental nas múltiplas relações sociais e comunitárias, em plena interação com a cidade. Uma delegação italiana participa do evento. São profissionais de saúde, usuários, familiares e amigos da reforma psiquiátrica, que vieram ao Brasil compartilhar a experiência da Itália na luta antimanicomial e na reabilitação psicossocial. Angelo Fioritti, diretor do departamento de saúde mental da Azienda Unità Sanitaria Locale di Bologna (AUSL) – sistema que se assemelha ao SUS brasileiro – explica que há muitas ligações entre as trajetórias brasileira e italiana de psiquiatria e luta antimanicomial. “Franco Basaglia, que visitou o Brasil em 1979, promoveu uma importante reforma no sistema de saúde mental italiano. Ele foi um dos principais precursores da substituição do tratamento hospitalar e manicomial por uma rede territorial de atendimento”, disse. Segundo Angelo, a Itália conta há 34 anos com legislação que extingue os hospitais psiquiátricos. “O último paciente saiu em 1997. Hoje temos um programa de sucesso, que prima pela ética no atendimento ao usuário.” Atualmente, a Itália trabalha em uma nova frente antimanicomial: “O objetivo é fechar os hospitais psiquiátricos judiciários. Temos um programa que prevê que isso ocorra ainda antes de 2015”. Promovidas pelo Programa de Extensão em Atenção à Saúde Mental (Pasme) da UFMG, as atividades da Semana da Saúde Mental e Inclusão Social abrange oficinas de grafite, de dança, de mirra e de confecção de fantasias, apresentações musicais, conferências, palestras, rodas de conversas e feira de artesanato – além de um desfile da Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam Tam. Conheça a programação da Semana da Saúde Mental e Inclusão Social . 'Somos viajantes' Na caminhada, Bruna encontrou-se com Maria Kátia Montes, profissional da área de psiquiatria que atua, entre Itália e Brasil, na luta antimanicomial. “Médicos, usuários, familiares, pacientes: há algo que nos une para além de qualquer rótulo. Somos pessoas, antes de tudo; somos viajantes. Daí o motivo dessa nossa ‘viagem’ ao Brasil: precisamos quebrar rótulos, conversar, dividir experiências. Não existem fórmulas para lidar com essas questões. O caminho passa pela troca de experiências e pelo aprendizado”, refletiu Maria Montes.
A professora italiana Bruna Zani, presidente da instituição Gian Franco Minguzzi e psicóloga comunitária da Universitá degli Studi de Bologna (Unibo), integra a delegação italiana em visita ao país. Zani é uma das principais autoridades mundiais da luta antimanicomial, e faz hoje, às 19h, conferência com o tema saúde mental e comunidade, no auditório da Reitoria.