Uma descrição comparativa acerca do desenvolvimento econômico das duas maiores potências asiáticas – Japão e China – pontuou a conferência do professor da Universidade de Tóquio, Makoto Itoh, durante a abertura do 23º Encontro Nacional de Economia Política, na noite desta quarta-feira, dia 29, no auditório da Reitoria. O evento, sediado na Faculdade de Ciências Econômicas, começou na última terça-feira e vai até sexta, dia 31. “A expansão econômica de ambos se deu graças à vasta oferta de mão de obra e facilidade de acesso às mais avançadas tecnologias disponíveis. Além disso, houve um importante processo de elevação das taxas de escolaridade nas duas sociedades. Outras semelhanças são a alta taxa de poupança interna, que contribuiu para o acúmulo de reservas monetárias, e a adoção de políticas públicas industriais de investimento em infraestrutura”, enumerou Itoh. No entanto, o economista apontou uma diferença fundamental na trajetória dos dois países. Enquanto, segundo ele, o desenvolvimento econômico japonês foi acompanhado de redução dos níveis de desigualdade social, muito por conta de movimentos sindicais que reivindicaram elevação dos níveis salariais, na China os desequilíbrios se acentuaram. “Ainda entre os aspectos que diferenciam as duas nações, podemos citar a demanda da produção. A China depende principalmente do mercado externo, enquanto o mercado interno do Japão, em seu ápice de crescimento [nos anos 1970], chegava a absorver 90% da produção”, apontou o economista japonês. Membro da Academia Japonesa de Ciências, Makoto também discorreu sobre a inversão de posições dos dois gigantes asiáticos no ranking da economia mundial. O Japão que iniciou, no período do pós-guerra, uma forte curva de crescimento, mantendo taxas de 9% ao ano até 1973, acabou perdendo fôlego nas últimas décadas, sendo superado em 2010 pela China, hoje a segunda maior economia do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos. Oportunidade Ao também discorrer sobre a crise de 2008, o diretor do Cedeplar, Hugo da Gama Cerqueira, recordou que o fenômeno pegou de surpresa os estudiosos do tema. “Até então, pensávamos que nossos conceitos eram absolutos e capazes de dominar quaisquer cenários. Mas percebemos que temos muito a avançar, principalmente por meio do diálogo com outras ciências sociais”, destacou.
Presente na mesa de abertura do Encontro, o reitor Clélio Campolina lembrou que as crises econômicas, como a que afligiu as principais potências mundiais em 2008, geram oportunidades para se discutir e repensar o futuro sob o ponto de vista da ação política. “Este evento responde à incessante busca pelo crescimento do espaço acadêmico que se deve conferir à economia política”, disse.