Reestruturação administrativa e de carreiras, expansão da infraestrutura física e laboratorial, adesão a sistemas de avaliação internacionais e ampliação da mobilidade são algumas das prioridades de uma nova agenda das universidades dos países de língua portuguesa, no entendimento do reitor da UFMG, Clélio Campolina. Em conferência na manhã de hoje (segunda, 10), primeiro dia do 23º Encontro da Universidades de Língua Portuguesa (AULP), no campus Pampulha, Campolina defendeu integração solidária – “sem dominação nem submissão” – que deve partir de profunda compreensão da geopolítica mundial. De acordo com o reitor, o Brasil e os países da África e da Ásia que falam português devem se posicionar diante de oportunidades criadas em contexto de crise do socialismo e do capitalismo. “Discutir internacionalização e cooperação implica analisar o quadro geopolítico e saber que, ao lado da força militar, da capacidade de produção, da força da moeda e do soft power (capacidade de influência de uma nação sobre as outras), também o conhecimento – ou seja, educação, ciência e tecnologia – é elemento fundamental para a estruturação do poder mundial”, disse Campolina. A partir dessa perspectiva, o reitor, que é professor aposentado da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), ressaltou o papel da interdisciplinaridade no processo de compreensão dos fenômenos contemporâneos. Ao se referir aos países que falam português, Campolina lembrou que Portugal busca soluções em conjunto com a União Europeia e que a África “se apresenta como nova fronteira a ser descoberta”. Em comum com o Brasil, segundo ele, os países africanos têm recursos abundantes e grandes populações e territórios, mas problemas também parecidos, como a baixa escolaridade, a desigualdade social, infraestrutura precária e pouca capacidade de produzir bens de capital. “É importante que o capital estrangeiro demande a produção tecnológica local e que se otimize a articulação para transformação de pesquisa em tecnologia”, disse o reitor da UFMG. A propósito de tecnologia, Campolina mencionou pesquisa sua em curso que define nova etapa da economia global baseada em “realimentações cruzadas de múltiplas trajetórias tecnológicas”. Às tecnologias de informação e comunicação, segundo ele, vêm se juntar as biotecnologias, as nanotecnologias, as novas fontes energéticas e o paradigma ambiental. “O investimento na economia verde tem importantes implicações tecnológicas, sociais e políticas”, disse. Ainda para Clélio Campolina, é preciso que os países periféricos aproveitem as vantagens de estarem atrasados. “Há muitos exemplos na História de países que se afirmaram como alternativa a situações consolidadas. E agora também há janelas de oportunidades a serem exploradas.”