Atores convidados e indígenas da nação Kaxinawá farão nesta sexta-feira, 21 de junho, a partir das 20h, no Centro Cultural UFMG, a leitura do texto teatral Yuraiá – O rio do nosso corpo, sob direção de seu autor, João das Neves. A atividade, com entrada franca, integra a programação da exposição ¡Mira! – Artes visuais contemporâneas dos povos indígenas.
Escrito durante os anos de convivência de João das Neves com a nação Huni Kui, o texto abrange não só os mitos fundadores da cultura Kaxi, como também a história do seu longo contato com a cultura, a organização social e a economia do homem branco.
O texto traz à tona discussão atual e urgente sobre uma nova dramaturgia e o universo indígena nas artes cênicas latino-americanas. “Considero excepcional a qualidade desta peça. João das Neves tem a arte de pôr em cena o real, com seus personagens surreais: o dia a dia dos seringueiros Kaxinawá com tudo o que o perpassa, o mito, a caiçuma, a sedução, a luta. É difícil encontrar uma descrição menos piegas e mais fiel do que é ser índio no Brasil hoje”, afirma a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha.
A leitura do texto teatral marca o início das atividades e o lançamento de Yuraiá – O Rio do Nosso Corpo como o grande projeto do Centro Cultural UFMG para a ocasião da Copa do Mundo de 2014, em Belo Horizonte. Realizado em parceria com a Associação Campo das Vertentes, o projeto terá como eixo central a montagem e apresentação do espetáculo homônimo que levará pela primeira vez aos palcos brasileiros a saga da nação Kaxinawá.
A proposta prevê a construção de um Kupixawa – moradia coletiva – que abrigará a encenação e atividades complementares como oficinas, filmes e exposições iconográficas. O projeto vai congregar público e artistas, índios e não índios, profissionais e aprendizes de diversos ofícios necessários ao desenvolvimento das artes, suscitando a compreensão profunda da biodiversidade.
O Centro Cultural UFMG fica na avenida Santos Dumont, 174, Centro de Belo Horizonte.
Povo
O povo Kaxinawá constitui a mais numerosa nação indígena do estado do Acre. Em contato com o homem branco há mais de 100 anos, participou ativamente da cultura seringueira e hoje é referência obrigatória entre as lideranças dos povos da floresta. Ao longo dos últimos anos, o povo Kaxinawá vem trabalhando com a valorização de sua cultura viva, de suas tradições e construindo projeto pioneiro no campo da educação indígena e da gestão territorial e ambiental de suas terras.
(Assessoria de Imprensa da UFMG)