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Os problemas e desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foram discutidos na tarde desta quinta-feira, 29 de julho, dentro da programação do 4º Seminário preparatório para o 2º Congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde. Um dos convidados da mesa-redonda Impasses e perspectivas da construção do SUS no momento atual, o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, destacou que a questão público x privado e a destinação de recursos devem ser o centro dos debates nesse campo, uma vez que há uma competição brutal entre o SUS e a saúde suplementar, que dispõe de mais recursos. A disputa, segundo ele, é focada principalmente nos leitos de UTI e nos médicos. Apesar de dispor de mais recursos, a saúde suplementar não tem, na visão do secretário, a mesma capacidade de gestão do SUS e “vende ilusão”. “Um exemplo foi a recente epidemia de dengue, que atingiu também a zona sul. O setor privado também não suportou a grande demanda”, salientou Magalhães, ex-secretário de Saúde de Belo Horizonte. Outras questões cruciais do SUS, na avaliação de Helvécio Magalhães, estão relacionadas ao financiamento, à capacidade de estrutura e às formas de organização. “O SUS precisa receber uma maior quantidade de recursos financeiros e humanos e o Estado deve tomar para si a ordenação de todo o sistema de saúde brasileiro, uma vez que não se pode prescindir da saúde suplementar”, afirmou. O secretário ressaltou ainda que é preciso investir nas governanças regionais, estimulando uma efetiva cooperação entre municípios para que cidadãos – sejam moradores de cidades-polo ou de pequenas localidades – recebam o mesmo tratamento. Recursos humanos Ele destacou também que, em uma unidade de saúde, o mais importante são os recursos humanos. “A saúde é uma área em que, mesmo com as novas tecnologias disponíveis, exige atenção, conversa. Daí a necessidade de reter e capacitar os profissionais”, disse. Campos aponta duas medidas que, segundo ele, poderiam melhorar esse quadro. A primeira é o recrutamento diferenciado de estudantes oriundos, por exemplo, de áreas rurais, que se comprometeriam a voltar aos seus locais de origem após cursar a graduação em Medicina. A segunda seria a transferência de tarefas, que se opõe ao ato médico, uma vez que algumas funções não precisariam ser executadas por tais profissionais, podendo haver subcategorias na área da saúde. Também compuseram a mesa, coordenada pela professora Eli Iola Andrade, da Faculdade de Medicina da UFMG e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a pesquisadora Lígia Giovanella, da Fiocruz, e o professor Ivan Batista Coelho, da Ufop. Congresso O Congresso, cujo tema é centrado na construção e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), propõe analisar os rumos da saúde no Brasil, articular conhecimentos científicos com a formulação de políticas e elaborar propostas para uma agenda de ação coletiva. Durante os meses de junho, julho e agosto, foram realizados outros três seminários preparatórios, em Campinas, Recife e Brasília. O Congresso é organizado pela Comissão de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
O professor Francisco Eduardo Campos, diretor do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina da UFMG, afirmou que um dos problemas da saúde no Brasil é a má distribuição dos médicos, tanto em número de profissionais quanto em relação às especialidades.
O evento de hoje foi o quarto seminário preparatório para o 2º Congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, programado para o período de 1º a 3 de outubro, no Minascentro, em Belo Horizonte.