Nos próximos dias, seis artistas recém-formados no curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes (EBA) vão expor seus trabalhos no mezanino do prédio da Reitoria, no campus Pampulha. São alunos que concluíram o curso no primeiro semestre deste ano, em diferentes habilitações, compondo assim uma mostra plural. A exposição Transveres acontece entre os dias 25 de setembro e 25 de outubro. Durante os trinta dias de mostra, a galeria funcionará das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira, e receberá obras de Bruno Pirata, das artes gráficas, Hortênsia França Ribeiro, da gravura, Janete Fonseca, da licenciatura em arte, Lúcia Marzano, do cinema de animação, e de Milis Tavares e Renata Laguardia, ambas da pintura. Diversidade Tendo como mote também o corpo, Janete Fonseca constrói objetos artísticos por meio de processos como colagens, alinhavos, remendos, modelagens, desenhos, encadernações e interferências. Lúcia Marzano, por sua vez, exibe a animação Travessia, que mostra a metamorfose de uma lagarta. A autora sugere que, metaforicamente, o filme possa se referir a um estudante e as transformações que vive na expectativa de “um futuro promissor”. Em seus trabalhos, Milis Tavares pinta paisagens reais ou imaginárias por meio de um processo de abstração figurativa, em perspectiva conceitual. São acrílicas e vinílicas sobre tela (e algumas acrílicas sobre papel) que estabelecem nexos técnicos e temáticos entre si. Já Renata Laguardia faz óleos sobre telas tendo como referência a pop art. Suas telas intentam transformar produtos de consumo em algo como “naturezas-mortas em conserva”, em uma espécie de denúncia ao consumismo da contemporaneidade. Para nomear a pluralidade Em referência ao que une os trabalhos expostos, a exposição foi nomeada sob a inspiração do poeta Manoel de Barros, que em dado momento de sua obra diz: “É preciso transver o mundo”. Para a exposição, os artistas se apropriam do termo tomando esse “transver” como a capacidade imaginativa humana, capacidade de transformação, de ver de outra forma, recriando a realidade, criando uma realidade. “Penso que o processo criativo do artista se dá nesse momento. Na sua capacidade de transver uma realidade, de transver uma experiência”, diz Hortênsia. Nesse sentido, se as diferentes habilitações e as vivências de cada artista implicam em processos particulares de produção, o período em que tal produção se deu – os anos de graduação – e o olhar que se apropria da realidade para “transvê-la” surgem como elo, capaz de reunir as obras em uma única mostra. “Talvez também seja possível convergir nossos trabalhos no aspecto da necessidade de se versar o tempo para a realização de seus processos criativos”, reflete a gravurista. A exposição Transveres é aberta à comunidade e ao público em geral.
Bruno Pirata faz experimentações com histórias em quadrinhos, realizando a partir delas novas composições gráficas. Já Hortênsia França Ribeiro trabalha em suas obras imagens que aludem à fugacidade de corpos suspensos no ar (pássaros, plumas, folhas ao vento etc.), e usa da serigrafia para criar narrativas não-lineares a partir dessa perspectiva.
Milis Tavares, que é representante da comissão dos formandos, destaca que uma das características da mostra é a pluralidade de abordagens. “A proposta da exposição é reunir as produções de todas as habilitações do curso de Artes Visuais. Cada habilitação explora ao máximo os recursos inerentes a ela mesma, diversificando a exposição”, diz.