A contribuição da cultura africana na formação do país, assim como o papel e o lugar ocupados pelos afrodescendentes na sociedade brasileira são assuntos da sétima edição da Primavera dos Museus, que promove programação gratuita a partir de amanhã, 24, no Espaço do Conhecimento UFMG, localizado na Praça da Liberdade. Com o tema Museus, memória e cultura afro-brasileira, o evento abrange debate em mais uma edição do Café Controverso e sessões de filmes comentadas, sobre a questão da diáspora negra, ressaltando aspectos da cultura e do cotidiano dos afrodescendentes brasileiros. Serão exibidos os documentários Carolina, de cineasta Jeferson De, A negação do Brasil – o negro nas telenovelas, de Joel Zito Araújo, Atlântico negro: nas rotas dos Orixás, de Renato Barbieri, e Lamparina, Bantus nas Minas Gerais, produzido pelo músico e fundador da banda Berimbrown, Ramon Lopes, mais conhecido como Mestre Negoativo. Para Negoativo, há uma valorização notável da cultura afro-brasileira nos últimos anos. “Percebo que nós, o povo negro, estamos em processo de crescimento, de busca por informações, e isso abre novos espaços. A abolição da escravatura é algo muito recente, são apenas 125 anos, por isso vejo que há avanços perceptíveis à nossa volta no que diz respeito à inclusão”, argumenta. Já o Café Controverso deste sábado, 28, aborda o tema A África na cultura brasileira, que será discutido pelas professoras Leda Maria Martins, da Faculdade de Letras da UFMG, e Júnia Furtado, do Departamento de História da Fafich. A influência africana será refletida em vários aspectos da vida cotidiana brasileira como idioma, religiosidade, folclore e literatura. O debate trará à tona a importância dos povos africanos na formação da identidade brasileira e ainda os desafios enfrentados para o reconhecimento dessas contribuições. Em seu sétimo ano, a Primavera dos Museus é organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) para comemorar a chegada da estação. O evento acontece até 29 de setembro e reúne cerca de 884 museus e centros culturais em todo o país. Mais informações sobre a programação do Espaço podem ser obtidas pelo telefone 3409-8366. 24/9 – Carolina – 14h Comentadora: Iris Amâncio (Universidade Federal Fluminense e Nandyala Editora) Direção: Jeferson De, 2003, 15min No curta lançado em 2003, o cineasta Jeferson De roteiriza algumas passagens do best-seller Quarto de despejo, da escritora Carolina Maria de Jesus. O filme se passa em um quarto onde Carolina (interpretada por Zezé Motta) mora com a filha, Vera Eunice. Cercada por miséria, desespero e preconceito, ela desabafa e extravasa suas angústias por meio das palavras, criando uma envolvente atmosfera teatral recheada por imagens históricas da própria Carolina e de longos períodos de silêncio. 25/9 – Lamparina, Bantus nas Minas Gerais – 16h Comentador: Ramon Lopes, o Mestre Negoativo (Porto de Minas Capoeira, Berimbrown; Valores de Minas) Direção: Mestre Negoativo, 2013, 64min O filme aborda Minas Gerais e sua cultura Bantu, a história e a realidade do povo quilombola da região de Diamantina, São João da Chapada, Quartel de Indaiá, Maquemba, Bangua e Macaquinho. A luta pela sobrevivência sem o garimpo, seus costumes e tradições como Chula, Folia de Reis e ainda um raro vocabulário em extinção da língua Banguê, os vissungos com seus rituais e fundamentos de “multa e rede” (ritual de enterro). Comentadora: Luciana Oliveira (UFMG) Direção: Joel Zito Araújo, 2000, 90 min A obra premiada é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel dos atores e atrizes negras, que muitas vezes representam personagens estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva de pessoas negras nas imagens televisivas do país. 27/9 - Atlântico Negro: nas rotas dos Orixás – 14h Comentador: Erisvaldo Pereira dos Santos (Ufop) Direção: Renato Barbieri, 1998, 54min O filme faz uma viagem no espaço e tempo em busca das origens africanas da cultura brasileira. Historiadores, antropólogos e sacerdotes africanos e brasileiros relatam fatos históricos e dados surpreendentes sobre inúmeras afinidades culturais que unem os dois lados do Atlântico. A produção foi filmada no Benim, Maranhão e Bahia e apresenta falas em português, francês, fon e iorubá. Debate 28/9 - Café controverso – 11h Tema: A África na cultura brasileira Convidados: Leda Maria Martins, da Faculdade de Letras UFMG, e Júnia Furtado, do Departamento de História (Com Assessoria de Imprensa do Espaço do Conhecimento UFMG)
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26/9 - A negação do Brasil - o negro nas telenovelas – 16h
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