Universidade Federal de Minas Gerais

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'Problema da utopia é que ela elimina o tempo e a mudança', refletiu Jacyntho Brandão no lançamento da Revista da UFMG

terça-feira, 15 de outubro de 2013, às 16h05

O volume 20 da Revista da UFMG foi lançado na manhã desta terça-feira no auditório 1 da Faculdade de Ciências Econômicas (Face). O evento contou com instigante comunicação do professor Jacyntho Lins Brandão, da Faculdade de Letras, que investigou o conceito de cidade à luz da filosofia clássica, em diálogo com Platão e outros filósofos – mas mobilizando tais reflexões para lançar um olhar para a cidade contemporânea e seus desafios.

Antes de Jacyntho, falaram o reitor da UFMG, Clélio Campolina, o pró-reitor de Planejamento da UFMG, professor João Antonio de Paula, editor da publicação, e a professora Heloisa Soares de Moura Costa, integrante do conselho editorial da publicação e da comissão editorial desta edição (volume 20, nº 1).

Heloisa destacou o desafio de selecionar os textos desta edição da Revista. “Foram muitas contribuições, de forma que tivemos de optar por não incorporar trabalhos de ótima qualidade. Isso porque, de alguma forma, tinham semelhança com outros que já seriam contemplados. Quisemos reunir propostas diversas, conjuntos de olhares diferentes”, disse a professora. Depois da retomada, no fim de 2012, esta foi a primeira edição da Revista da UFMG que teve chamada de artigos.

O reitor Clélio Campolina falou sobre a importância de a Revista ter sido retomada com foco na produção acadêmica, transformando-se num espaço de reflexão sobre temas caros à contemporaneidade. Nesse sentido, destacou a escolha de Cidades como mote para o volume. “Esta é uma questão que se mostra ainda mais dramática em países que viveram sua urbanização e industrialização mais tardiamente, como o Brasil”, lembrou, acrescentando que nesses países o processo se deu de forma acelerada, ocasionando problemas estruturais. “Temos hoje 85% da população vivendo nas cidades. É uma situação em que não se consegue atender a demandas básicas de infraestrutura, saúde, educação”, afirmou.

Campolina ainda lembrou o problema de hoje viver-se em uma espécie de subordinação ao lobby da indústria automotiva. “O Brasil produz quatro milhões de veículos por ano, e estamos colocando tudo isso dentro das cidades. É uma situação dramática”, lamenta.

João Antonio de Paula apontou a relevância do tema Cidades para a proposta da Revista da UFMG em sua nova fase. “Buscamos definir temáticas que consigam mobilizar a universidade como um todo. E um dos principais capítulos do nosso processo civilizatório está se dando na cidade. Eu diria que nós, em parte, estamos perdendo essa luta. A cidade que temos hoje, com a mercantilização dos espaços públicos e seus demais problemas, é uma ameaça à civilização”, alertou.

A opção pela cidade-problema
O professor Jacyntho Lins Brandão pôde fazer uma comunicação mais longa do que a prevista, já que Frederico Morais e Luiz Werneck Vianna, que com ele dividiriam a mesa, foram impossibilitados de comparecer devido a cancelamento de seu voo. Sua abordagem, prevista para tratar da filosofia na cidade, se estendeu para questões vinculadas à arte e à política na cidade.

Jacyntho refutou as ideias da cidade-problema como algo a ser afastado e da cidade-utopia como algo a ser buscado sem ressalvas, como se fosse uma solução para o caos enfrentado na contemporaneidade. Retomando A República, de Platão, o professor explicou que a cidade utópica é de certa forma despótica, pois depende de um “rei filósofo” para garantir o seu perfeito funcionamento.

“Na utopia, o rei filósofo diz como a coisa deve ser para a cidade não se desorganizar. A perspectiva mais difícil é a democrática, onde não há quem diga como as coisas devem ser. O problema da utopia é que ela elimina o tempo e a mudança”, disse. “E eu não quero essa cidade do rei filósofo. Morro de medo de alguém querer implantar uma utopia”, brincou, aludindo aos regimes absolutistas. “Apesar disso, o tipo de cidade mais complexo é sem dúvida a cidade sem rei”, completou.

A aceitação da ideia da cidade – democrática – como um “lugar do problema”, no entanto, não significa que essa cidade não possa ser melhorada. Nesse sentido, disse Jacyntho (refletindo sobre o fato de que a democracia precisa contemplar a singularidade dos sujeitos), “o difícil, em termos de justiça na cidade, é encontrar formas de dar a cada um aquilo que lhe compete”. E brincou: “Nesse sentido, quanto mais médicos e juízes uma cidade precisa, mais problemas essa cidade tem”.

Jacyntho lembrou que o homem precisa de toda a parafernália extranatural de que se faz a cidade para se constituir, e que é desse processo que “surge a cidade inflamada. É uma cidade doente, mas é a cidade possível. Daí a questão de a cidade ser naturalmente um problema”, reiterou.

O professor lembrou que o homem não vive em comunhão com a natureza, mas abre um espaço nela e coloca ali as marcas para a sua existência urbana; a cidade surge, assim, para atender às demandas humanas. “O lugar próprio da realização da humanidade do homem é a cidade. Porque o homem não é autônomo; ele não produz tudo. A reflexão que Platão faz é de que ‘ninguém faz bem qualquer coisa’”, disse o professor, remetendo à função prática de as pessoas se reunirem em um mesmo local para fazerem comércio e realizarem interações sociais. E é a partir dessa necessidade que a cidade surge novamente como problema: “as pessoas precisam estar amontoadas para poderem se encontrar”, comentou.

O que se precisa agora, disse o professor, é a elaboração de uma “filosofia da cidade”. “As soluções vêm picadas, uma coisinha aqui, outra ali. Nós precisamos pensar a cidade na perspectiva brasileira e ampla. A gente tem o desafio de descobrir o que é a cidade brasileira contemporânea. Para não ficar só copiando coisas de outras cidades. Pensar o que é o nosso ethos. Se estamos juntos em uma cidade democrática, é em nome da liberdade. E a liberdade está baseada em duas coisas, basicamente: poder dizer o que se quer e poder ir aonde se quer. Sem isso não existe cidade democrática. E aí está o atraso do Brasil”, criticou.

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