Em 16 meses, o número de assassinatos de travestis e transexuais na região metropolitana de Belo Horizonte chegou a 14 mortes. Em âmbito nacional, a situação não é diferente. Relatório de 2012 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República sobre a violência homofóbica no Brasil revela que as travestis são as maiores vítimas (51,68% do total). Esses e outros dados preocupantes serão discutidos no ciclo de debates Direitos negados: violência no cotidiano de travestis e transexuais, no próximo dia 13 de novembro (quarta-feira), no Espaço 104 (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro). Com entrada franca, o evento é promovido pelo Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG (NUH-UFMG). “Agressões advindas de instituições como as famílias, as escolas, o trabalho, as polícias, bem como a falta de políticas públicas de promoção de direitos e de combate à violência são elementos cotidianos na experiência de travestis e transexuais”, explica o professor do Departamento de Psicologia da UFMG Marco Aurélio Máximo Prado, coordenador-geral do NUH-UFMG. Em setembro, Marco Aurélio participou, em Washington, de reunião da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) na qual apresentou os dados de violência e assassinatos de travestis e transexuais no Brasil, em especial em Minas Gerais. O ciclo desta semana contará com duas mesas-redondas, que reunirão pesquisadores, representantes de órgãos governamentais e ativistas de movimentos sociais de vários estados do país. Com início às 14h, a primeira mesa tem como tema O campo das patologizações das transexualidades: negação dos direitos e luta política. A segunda mesa, Corpo como campo de batalha: violências, direitos e políticas, será iniciada às 17h. O evento encerra-se com o belo e instigante espetáculo Noy soy un maricón, da Cia. Toda Deseo, a partir das 19h. “A discussão sobre a patologização é fundamental, já que, no Brasil, a transexualidade é considerada ainda um transtorno de identidade de gênero”, afirma Rafaela Vasconcelos, do NUH-UFMG. Para a pesquisadora, debater a violência a que estão submetidas travestis e transexuais “requer analisar também como a sociedade vê e lida com aqueles corpos”. Como exemplo, ela cita o recente impedimento de travestis e transexuais realizarem as provas do Enem no final de outubro. “O ciclo de debates promovido pelo NUH também tem como objetivo fomentar o protagonismo social da população de travestis e transexuais frente aos órgãos governamentais e produzir pautas e documentos que refinem estratégias e ações específicas nos âmbitos de promoção dos diretos, de acesso às políticas públicas e de combate à violência”, explica a pesquisadora. Programação 14h - Mesa 1: O campo das patologizações das transexualidades: negação dos direitos e luta política. Coordenador: Paulo Rizek André Lucas Carla Silva Paula Sandrine Machado Marco Aurélio Máximo Prado 16h - Intervalo 17h - Mesa 2: Corpo como campo de batalha: violências, direitos e políticas. Indianara Siqueira Anyky Lima Rafaela Vasconcelos Ellen Márcia Lopes Santos de Carvalho 19h – Apresentação do espetáculo Noy soy un maricón, da Cia. Toda Deseo (Com assessoria do NUH-UFMG)
Fisioterapeuta, cientista social e mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFRN
Professora da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro e do Sistema Sesi/Firjan
Doutora em Antropologia Social pela UFRGS. Professora e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero (Nupsex) da UFRGS
Doutor em Psicologia Social pela PUC-SP e coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UGMG (NUH-UFMG)
Coordenação: Vincent Masaki
Representante da RedTrans Brasil na região Sudeste e presidente do Grupo TransRevolução do Rio de Janeiro
Presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (Cellos Trans-MG) e representante da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra)
Pesquisadora do NUH/UFMG
Psicóloga, investigadora de polícia, especialista em direitos humanos e segurança pública, coordenadora do Núcleo de Atendimento e Cidadania à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais da Polícia Civil de Minas Gerais (NAC-LGBT)