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Ao final de dois dias de trabalho na Reitoria da UFMG, no campus Pampulha, dirigentes de universidades formalizaram a criação da Associação dos Conselhos de Reitores de Universidades da América Latina e do Caribe (Acrulac). “Foi definida uma conformação provisória, na qual pode haver até três associações por país, mas com um voto igualitário por nação, de maneira a termos um sistema solidário”, explica Arturo Roberto Somoza, reitor da Universidade Nacional de Cuyo (Argentina), que integra a diretoria pró-tempore. Segundo ele, o objetivo é ter uma entidade “que reúna a universalidade do sistema universitário de cada país”, apesar da heterogeneidade que caracteriza tais sistemas. Somoza comenta que há países em que uma só associação representa todas as universidades públicas e privadas; há modelos como o argentino, em que uma entidade reúne as instituições públicas e outra, as privadas, mas possui um espaço comum, o Conselho de Universidades, que assessora o Ministério da Educação e a política universitária. “E há outros, como é o caso do Brasil, que tem distintos sistemas, que reúnem as federais, as privadas ou as comunitárias”, compara. Presidente do Conselho Interuniversitário Nacional (Cin), que reúne todas as universidades públicas argentinas, Arturo Somoza aponta como principal desafio da Acrulac colaborar para a harmonização dos sistemas universitários de ensino, assegurando qualidade e promovendo maior mobilidade estudantil no âmbito da região. Ele destaca que a Acrulac está vinculada à construção da Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac) e que o fortalecimento da Associação vai impulsionar a construção do Espacio Latinoamericano y Caribeño de Educación Superior (Elaces), cuja proposta também foi debatida no Encontro realizado na UFMG. Embora deva reunir os órgãos governamentais da região, o Elaces terá as associações de reitores como lastro principal, comenta Somoza, bem como as redes tradicionais na América Latina, como a Unión de Universidades de America Latina y el Caribe (Udual), com 62 anos de existência, e a Associação de Universidades Grupo Montevideo, fundada há 92 anos. Herança “Felizmente sabemos que as redes acadêmicas no âmbito da América Latina e do Caribe já vêm conduzindo muitas dessas experiências. Ou seja, não estamos iniciando um processo, mas vamos procurar aprimorá-lo e ampliá-lo para todo esse contexto geográfico”, comentou Targino de Araújo Filho, reitor da Universidade Federal de São Carlos e vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). A proposta de criação da Acrulac surgiu no âmbito do Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc). Já as bases de fundação do Elaces estão relacionadas a definições da Conferência Regional de Educação Superior na América Latina e no Caribe (Cres), realizada em junho de 2008, na cidade de Cartagena de Índias (Colômbia). Como lembra Arturo Roberto Somoza, a Conferência apontou para uma educação superior como bem público e social, direito humano e universal, e obrigação do Estado. Neste conceito, ressalta Somoza, “a universidade tem papel de ator principal no desenvolvimento social e integral de seus povos”.
A agenda de trabalho da Acrulac abrange temas como reconhecimento de diplomas; fomento de intercâmbio de estudantes, professores, pesquisadores e pessoal administrativo; projetos conjuntos de pesquisa; criação de redes acadêmicas; e impulso a programas de educação a distância compartilhados.