O reitor Clélio Campolina Diniz participa, a partir desta segunda-feira, 16, nos Estados Unidos, da conferência internacional Global urbanisation: challenges and prospects, promovida pela Regional Studies Association (RSA). O evento, que acontece em Los Angeles, Califórnia, reúne estudiosos e especialistas em temas regionais e urbanos de vários países até o próximo dia 18. Em sua exposição, marcada para esta terça-feira, 17, Clélio Campolina abordará o processo de crescimento demográfico e de urbanização do Brasil. Terá como base o artigo que ele preparou especialmente para ser apresentado no encontro internacional, intitulado Brazil: accelerated metropolization and urban crisis. No estudo, Clélio Campolina demonstra que o desenvolvimento urbano brasileiro, intensificado na segunda metade do século 20, foi vertiginoso e resultou na concentração da população e das atividades econômicas em um conjunto restrito de grandes núcleos urbanos e regiões metropolitanas, situados, sobretudo, na fração territorial do país que se estende da região central de Minas Gerais ao Nordeste do Rio Grande do Sul. Nesse sentido, a urbanização brasileira se expressou em uma acelerada metropolização, cujos desdobramentos foi uma crise urbana de grandes proporções atualmente vivenciada no país. Sinais da crise Além desse quadro deficiente de moradia, outros problemas relacionados à insuficiência da infraestrutura de serviços urbanos, com destaque para o saneamento básico, se somam para tornar a situação habitacional na grandes metrópoles ainda mais crítica, de acordo com a pesquisa do reitor. São analisadas também as crescentes dificuldades de mobilidade nos centros urbanos brasileiros, que vêm sendo acentuadas simultaneamente à maior importância dada ao transporte particular em detrimento ao de caráter coletivo. As informações estatíticas sistematizadas no estudo de Clélio Campolina dão conta de que a frota nacional de veículos automotores aumentou 142% entre 2001 e 2012, enquanto a população teve incremento de 12,5% no mesmo período. A expansão dos veículos destinados ao transporte coletivo (ônibus) foi muito menor do que a das demais categorias de transporte particular (automóveis e motocicletas), contribuindo de forma decisiva para o caos no sistema viário das grandes cidades, que se manifesta não apenas em congestionamentos cada vez maiores e mais prolongados, mas também na ascendente curva de acidentes fatais de trânsito: os óbitos relacionados a esse tipo de causa somaram 44 mil em todo país em 2010, 48% acima do registrado em 2000. Um aspecto que sintetiza a crise urbana é o aumento da violência, materializada no número crescente de mortes provocadas por homicídios, que totalizaram 53 mil em todo país em 2010, sendo que mais da metade deles (53%) foi registrada nas regiões metropolitanas. Brasil policêntrico Formulado originalmente pelo reitor em estudo produzido para o Ministério do Planejamento em 2008, esse modelo de desenvolvimento regional e urbano policêntrico consiste, resumidamente, na adoção de uma nova regionalização para efeitos de formatação e execução de políticas públicas e ações direcionadas ao fortalecimento de uma rede de sete macropolos regionais, que se juntariam a outros 11 já consolidados, e de um conjunto de mesopolos (veja mapa), cujo objetivo principal é o de “reduzir as desigualdades regionais, melhor ordenar o território e frear a megametropolização” do país.
Diversos indicadores são arrolados para dimensionar a crise urbana brasileira, sendo que uma de suas dimensões mais dramáticas é delimitada pela precariedade das condições de habitação de parcela significativa da sociedade. O estudo de Clélio Campolina mostra que a população favelada do país alcançou o contingente total de 11,4 milhões de pessoas em 2010, dos quais 84% (9,5 milhões de indivíduos) estavam nas áreas metropolitanas.
Para Clélio Campolina, o equacionamento dessa grave crise vai exigir a implementação de um novo modelo de desenvolvimento regional e urbano para o Brasil, pautado por diretrizes de planejamento e ordenamento territorial, com a finalidade de constituir novas centralidades que possam ampliar as opções de alocação espacial dos investimentos e do emprego e, assim, estimular um maior espraiamento geográfico das atividades econômicas e da população brasileira.