Filmes, documentários e curtas-metragens que tratam da influência da cultura africana no país e discutem a possível existência de uma identidade afro-brasileira compõem a mostra Cinema de terreiro, no projeto Cinecentro UFMG. As exibições são gratuitas e acontecem até a próxima quinta-feira, 19, a partir das 19h no Centro Cultural UFMG. Com o intuito de apresentar os terreiros das casas de santo de Salvador e arredores, as produções também tratam de elementos significativos da cultura afro-brasileira, como o candomblé, a religião umbandista e a capoeira. Hoje, 17, serão exibidos Filhos de Gandhy, de Lula Buarque de Holanda; e os curtas-metragens Gato/Capoeira, de Mário Cravo Neto; Oriki, de Jorge Alfredo e Moisés Augusto; Omolu não é São Lázaro, de Flávio Lopes; e Axé do acarajé, de Pola Ribeiro. Já na quinta-feira, 19, será a vez do documentário Mensageiro entre dois mundos, dirigido por Lula Buarque de Holanda. A mostra tem curadoria de Marcos Pierry, doutorando da Escola de Belas-Artes da UFMG, coordenador de produção e roteirista do programa Diverso, da Rede Minas. O Centro Cultural UFMG fica à Av. Santos Dumont, 174 – Praça Rui Barbosa. Mais informações no site do Centro Cultural ou pelo telefone (31) 3409-8290. Confira a programação: Gato/Capoeira (1979, 13min, Brasil) Oriki (2000, 15min, Brasil) Omolu não é São Lázaro (2003, 3min, Brasil) Axé do acarajé (2007, 15min, Brasil) (Com assessoria de comunicação do Centro Cultural UFMG)
17/12 –Filhos de Gandhy (2000, 80min, Brasil)
O documentário revela a origem e as histórias do bloco carnavalesco Filhos de Gandhy, por meio das memórias de seus idealizadores. Os desfiles do grupo no Carnaval de 1999 e os festejos de seu cinquentenário integram a produção.
O curta apresenta cenas de um capoeirista-bailarino pelas ruas de Salvador. O protagonista passa por diversas situações que envolvem o universo popular da cidade e as tradições afro-brasileiras.
Poema audiovisual em homenagem a Iemanjá. A labuta com a pesca, a fé nas ruas da Bahia, os terreiros de candomblé ou a festa de 2 de fevereiro, tudo o que existe, aqui e no outro mundo, pode ser premiado com a composição de um oriki – objeto de linguagem que pontua todos os momentos e movimentos da existência social. Dois de fevereiro é dia do grande cortejo marítimo nas águas da enseada do Rio Vermelho (Salvador, Bahia). Apesar de atemporal, o filme segue a festa de Iemanjá em sentido cronológico.
O sincretismo religioso foi a principal estratégia da cultura africana para se preservar no Brasil. O princípio de fundir elementos de origens diferentes guia esse exercício visual. A partir de estruturas simbólicas do catolicismo, a câmera cria grafismos que lembram o candomblé.
O filme documenta o mregistro do ofício das baianas de acarajé como bem cultural imaterial do Brasil. O documentário mostra o mito, as crenças, a importância econômica para a Bahia da bola de fogo – significado da palavra acarajé em Iorubá. O acarajé, que chegou ao Brasil com os escravos africanos, é alimento sagrado, oferecido a Iansã, que se popularizou nas ruas de Salvador.
19/12 – Mensageiro entre dois mundos (2000, 82min, Brasil)
Documentário sobre a vida e obra do fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger, narrado e apresentado por Gilberto Gil. Após viajar ao redor do mundo como fotógrafo, Verger radicou-se no ano de 1946 em Salvador, onde passou a estudar as relações e as influências culturais mútuas entre Brasil e o Golfo do Benin, na África.