O reitor Clélio Campolina, que participa desde a última segunda-feira, 10 de fevereiro, do 9º Congresso Internacional de Educação Superior Universidad 2014, no Palácio de Convenções de Havana, em Cuba, defendeu que é preciso pensar o papel das universidades no processo de construção de sociedades mais justas, humanas e igualitárias. “A América Latina é muito diversa e apresenta grande desigualdade social. Em uma situação de tanta marginalidade e exclusão, a universidade deve ser instrumento central para um projeto de desenvolvimento mais igualitário”, afirmou o reitor, em entrevista à Rádio UFMG Educativa, na tarde desta quinta-feira. Com o lema Por uma universidade socialmente responsável, o evento, de acordo com os organizadores, renova o compromisso dos participantes com a universidade e com seu tempo, dando continuidade às reflexões e debates contemporâneos no campo da educação superior. O reitor destacou a tradição do congresso bianual, que este ano conta com 2.700 participantes registrados em suas diversas mesas, plenárias e seminários paralelos. “Trata-se de grande oportunidade para discutir e comparar a educação superior na América Latina e no Caribe”, disse. Segundo Campolina, em reunião realizada ontem com a ministra da Educação, Ena Elsa Velázquez Cobiella, e com reitores cubanos, foi discutida a construção de acordos bilaterais entre universidades para ampliar a mobilidade discente e docente, inclusive com a ideia de criação de cotutela para doutorados, na qual os pesquisadores adquirem dupla titulação. Reunião realizada hoje abordou a consolidação da Associação dos Conselhos de Reitores de Universidades da América Latina e do Caribe (Acrulac), criada em novembro do ano passado durante encontro sediado pela UFMG. A Acrulac coordena algumas iniciativas do Iesalc, órgão da Unesco que criou o programa Espaço de Educação Superior na América Latina e Caribe (Elaces). “No entanto, as iniciativas apenas vão se consolidar se conseguirmos agrupar as universidades da região em projetos conjuntos. A Acrulac pretende aglutinar esse conjunto de iniciativas de integração por meio dos conselhos de reitores, o que abre a oportunidade para a construção de acordos e mobilidades bilaterais e identificação de projetos de interesse comum”, salientou o reitor. Nesta sexta-feira, último dia do encontro, reitores brasileiros presentes ao encontro farão uma visita à Universidade de Cuba. Integração Para Campolina, o mundo está diante da busca de novos paradigmas de organização social e não se deve copiar as experiências do passado, que estão superadas. “Temos que buscar novas formas de organização social e política capazes de oferecer respostas aos anseios da sociedade”, assinalou. Acordos bilaterais Ainda de acordo com Campolina, na reunião de ontem com os reitores cubanos, muitos manifestaram interesse em visitar a UFMG e receber membros da universidade mineira. “Já existem alguns acordos bilaterais, que queremos ampliar, e a posição da UFMG tem sido sempre de cooperação e solidariedade com as outras universidades”, salientou o reitor. (Com Assessoria de Imprensa da UFMG)
Sobre a situação da América Latina no contexto mundial, o reitor Clélio Campolina defendeu que não existe saída isolada para os países. “Devemos nos convencer de que somos um bloco, integrado territorialmente e com grande proximidade cultural e linguística, que precisa construir um projeto coletivo, uma vez que a competição mundial é muito forte”, afirmou. “Respeitadas as diferenças e diversidades, nosso horizonte deve ser a busca de sociedades mais ricas, mas antes de tudo mais justas e igualitárias”, continuou.
Campolina ressaltou que a UFMG vive um acelerado processo de internacionalização, possuindo um dos programas mais bem-sucedidos do Brasil, segundo avaliação do Ministério da Educação. “A UFMG criou cinco centros de estudos internacionais, entre eles um especializado em estudos latino-americanos; é uma universidade de referência; portanto, a presença da instituição no congresso abre a oportunidade de atrair parceiros de excelência, que comunguem de projetos comuns”, disse.