A coleção, de oito volumes e quase 10 mil páginas, foi produzida entre 1980 e 1990, sob a coordenação de 39 especialistas, dois terços deles africanos, com apoio da Unesco. O novo volume terá três tomos e cerca de 10 editores. A historiadora da UFMG será uma das editoras do segundo tomo, que abordará as resistências e contribuições das diásporas africanas para a construção do mundo moderno. Vanicléia e os demais editores estão trabalhando na escolha dos colaboradores. O primeiro tomo será uma atualização do volume inaugural da HGA, com destaque para as teorias sobre as origens da humanidades e as primeiras civilizações, uma vez que investigações sobre esses temas avançaram muito nos últimos 30 anos. Já o terceiro tomo terá como mote as oportunidades e os desafios da chamada “África global”. Financiado pelo governo brasileiro, o nono volume deverá ser concluído em dois anos. Instituído pela Unesco, o comitê científico é formado por 15 especialistas, em sua maioria africanos, de nações como Argélia, Angola, Benin, Botsuana, Mali, Congo e Camarões, país de origem do seu presidente, Augustin Holl. Há também pesquisadores de França, Cuba, Canadá, Estados Unidos, Barbados e China. Outro brasileiro que integra o grupo é o professor Valter Roberto Silvério, da Universidade Federal de São Carlos, e coordenador do Centro de Estudos Afro-brasileiros daquela Instituição. A primeira reunião do grupo foi realizada em novembro, na Costa do Sauípe, na Bahia. Em junho deste ano, o comitê voltará a se reunir para definir a lista de colaboradores do nono volume da coleção. Para a professora Vanicléia Santos, a coleção da HGA imprimiu novo rumo à historiografia africana, uma vez que foi escrita por geração de historiadores e intelectuais da África e de outros continentes a partir de perspectiva afrocêntrica. “Suas análises concentravam-se em um passado de grandes feitos, anterior ao imperialismo, ao qual se ligaria um futuro de glórias para o continente africano, conforme analisou o historiador Carlos Lopes [de Guiné-Bissau] em artigo sobre a historiografia africana”, explica a professora da UFMG. Estudos africanos na UFMG É membro do Comitê de Coordenação do Centro de Estudos Africanos da UFMG, criado em 2012 com a missão de ampliar e potencializar parcerias acadêmicas e científicas com instituições africanas. Graduada pela Universidade Estadual da Bahia, tem mestrado pela PUC-SP e doutorado pela USP.
A professora Vanicléia Silva Santos [foto], do Departamento de História da Fafich, foi indicada pelo Ministério da Educação para integrar o comitê científico que vai trabalhar na elaboração do nono volume da História Geral da África (HGA).
Vanicléia Silva Santos é a primeira professora de História da África da UFMG. Sua contratação pelo Departamento de História, em 2010, por meio de concurso público, deu-se no contexto da promulgação da Lei 10.639, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História da África.