A arte como forma de amenizar o desconforto. Essa é a proposta da exposição O ICB em obras de arte: A gente não quer só ciência. A gente quer ciência, reflexão e arte, que está aberta no andar térreo do Instituto de Ciências Biológicas. A instalação é uma atividade conjunta dos centros de extensão (Cenex) da Unidade e das escolas de Música e Belas-Artes. De acordo com Janice Henriques da Silva, professora e coordenadora do Cenex/ICB, a ideia da exposição surgiu a partir da alteração da dinâmica dos espaços de convivência da unidade, causada principalmente pelas obras em andamento no local. Constatada essa demanda, foi realizado contato com os demais centros de extensão a fim de formular uma ação que diminuísse a sensação de desconforto ambiental. “Tal circunstância (a reforma) gerou insatisfação nas pessoas que circulam e convivem diariamente no prédio, apesar de todos saberem da necessidade dessa intervenção. A direção do Instituto manifestou o desejo de que o Cenex organizasse um evento que ajudasse a comunidade a refletir sobre isso”, comenta. Parceria “Apesar de, erroneamente, a maior parte das pessoas acreditarem que a criação artística surge de um momento qualquer de inspiração, o que realmente acontece são conclusões de exaustivas horas de pesquisa, concentração e prática”, afirma. O trabalho também contou com a colaboração dos estudantes Vitor Faria Novato e Augusto Vossenaar. As discussões resultaram nos 20 microambientes que compõem a instalação. As obras expostas consistem em pequenas caixas de aproximadamente 1 mil cm³, feitas com panamá, nas quais foram confeccionados ambientes a partir de técnicas artísticas variadas, como gravura, desenho, pintura, assemblage (técnica de colagem), frotagem (técnica de textura), monotipia e escultura, dentre outras. As caixas foram colocadas atrás dos tapumes que cercam a área em reforma, e o público pode apreciá-las através de um olho mágico instalado nas placas de madeira. “Fizemos uso de lentes grande angular para criarmos os efeitos ópticos de profundidade. Para a iluminação utilizamos a luz natural por meio de transparência de alguns materiais”, pontua Renan. O Cenex da Escola de Música também partiu da adequação a um ambiente para selecionar o repertório das apresentações musicais, observando dois aspectos: a interação com a instalação dos alunos da EBA e a formação instrumental em flauta solo. Durante a exposição, já foram executadas as obras Image e Syrinx dos compositores franceses Eugene Bozza e Claude Debussy; Fantasia n°1, 2 e 6 do alemão G.P.Tellemann e Improviso, do brasileiro Camargo Guarnieri, entre outras. A exposição pode ser visitada até 28 de fevereiro.
Com a aprovação do projeto, o Cenex buscou a parceria das escolas de Música e Belas-Artes para viabilizar tecnicamente o conceito pensado para a produção das obras. Segundo Renan Bolcont, um dos alunos convidados para o trabalho, a instalação foi subdividida em etapas e o planejamento da exposição é fruto de intensa reflexão sobre os impactos que ela poderia gerar sobre os visitantes.