“A cooperação entre pesquisadores de países como Brasil e Índia é o caminho para o futuro”, disse na tarde desta quarta-feira, 19, o economista Vinod Vyasulu, do Instituto Internacional de Tecnologia da Informação de Bangalore, palestrante da cerimônia de inauguração do Centro de Estudos Indianos (CEI) da UFMG e de jornada que se estende até a próxima sexta, 21.Vyasulu mencionou similaridades e diferenças entre as duas nações para enfatizar diversas possibilidades de troca de informações que podem contribuir para o desenvolvimento dos dois países. O evento contou com a presença do reitor Clélio Campolina, do embaixador da Índia, Ashok Tomar, do coordenador do centro, Roberto Monte-Mór, e do diretor de Relações Internacionais da UFMG, Eduardo Vargas. Campolina destacou que vem crescendo o peso relativo de países como Brasil e Índia, e que a “troca de experiências é fundamental num tempo em que a humanidade busca novos padrões de organização social e política”. Ele lembrou que as tecnologias da informação e das comunicações ajudam a reduzir a grande distância geográfica entre os dois países e que “temos muito aprender uns com os outros”. O enorme potencial de comércio bilateral foi um dos pontos levantados por Ashok Tomar, que lembrou ainda a intensa relação que já existe em diversos níveis. “Compartilhamos aspectos como o amor pela diversidade e pela música, as relações familiares e a liberdade individual que incentiva a criatividade”, disse o embaixador, acrescentando que caberá aos jovens pesquisadores intensificar a parceria ao longo das próximas décadas. O coordenador do Centro de Estudos Indianos, Roberto Monte-Mór, lembrou que o intercâmbio entre Brasil e Índia tem se intensificado na última década, envolvendo áreas das ciências exatas, humanidades e desenvolvimento sustentável. “Nesses campos os dois países têm grande identidade, apesar de culturas e histórias tão diferentes. Vivemos rápido processo de urbanização e temos desafios parecidos para lidar com temas como recursos naturais e populações tradicionais”, salientou Monte-Mór, que é professor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face). Os integrantes da mesa descerraram placas alusivas ao Centro de Internacionalização da UFMG, ao Centro de Estudos Indianos e ao fechamento de uma cápsula do tempo, onde foram depositados documentos diversos e que será aberta em 2028. Iniciativa bem-vinda “Lutamos contra a corrupção, ainda falta confiança nas instituições, enfrentamos altos índices de desigualdade. Além disso, nas grandes cidades temos os desafios das favelas, do transporte público e da poluição”, enumerou o economista, Ph.D em Estudos Latino-americanos pela Universidade da Flórida (EUA). Ele abordou programas sociais nos dois países, como o Bolsa Família, no Brasil, e o de garantia de emprego temporário, em seu país, e afirmou que iniciativas como o programa Saúde da Família podem servir de inspiração para o governo indiano, embora a Índia tenha feito progressos impressionantes nos últimos 60 anos: a expectativa de vida se elevou de 27 para 67 anos. Vyasulu disse também estranhar que o Brasil ofereça pelo SUS tantos medicamentos produzidos na Índia. E que a Índia não utilize de forma intensiva, como acontece no Brasil, as tecnologias de informação em ações governamentais, mesmo tendo uma indústria forte na área. No âmbito das patentes, lembrou que a Índia tem leis que podem ser aplicadas no Brasil, como a obrigatoriedade das empresas estrangeiras de licenciar medicamentos essenciais para companhias locais. Por fim, o economista indiano enumerou diversos centros e institutos, apenas na cidade em que atua, que podem firmar parcerias com a UFMG. “Temos muito a discutir e a fazer”, concluiu Vinod Vyasulu.
Em sua conferência, depois de ressaltar que a iniciativa da UFMG é “muito bem-vinda”, Vinod Vyasulu ressaltou que o Brasil vive, em diversos aspectos, uma realidade diferente – tem apenas uma língua e está em uma região pacífica, sem disputas de fronteiras. Mas lembrou os pontos em comum com a Índia.
Eduardo Vargas, Clélio Campolina, Ashok Tomar e Roberto Monte-Mór