Em solenidade no auditório da reitoria, às 17h do dia 7 de março, a UFMG vai outorgar o título de Doutor Honoris Causa ao cientista português António Coutinho. Apontado pelo Institut for Scientific Information (ISI) como um dos cem imunologistas mais influentes do mundo, seu trabalho de mais de quatro décadas inclui a descoberta, considerada revolucionária por muitos de seus pares, de que o sistema imune possui atividade interna substancial, que independe de antígenos externos. A proposta de outorga do maior título honorífico da Universidade ao imunologista foi apresentada pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB), em documento assinado pelo diretor, Tomaz Aroldo da Mota Santos, que trabalhou em seu pós-doutorado com Coutinho, em Paris, de 1986 ao final de 1988. Tomaz Aroldo destaca que segundo o Regimento Geral da Universidade títulos honoríficos são instrumentos através dos quais a Universidade distingue, honra e homenageia personalidades que tenham prestado contribuição relevante à educação, à ciência, à cultura em geral e à UFMG em particular. “Entre os títulos honoríficos está o Doutor Honoris Causa, em reconhecimento a contribuições relevantes para a ciência, a tecnologia ou a cultura”, comenta o professor, lembrando que “reconhecer no professor António Coutinho uma personalidade internacional digna da honraria é, também, num certo sentido, uma honra para a UFMG”. O homenageado será saudado pelo professor da UFMG Nelson Monteiro Vaz, primeiro a trazer ao Brasil o cientista português. “Por felicidade minha e de muitos brasileiros, tive a inspiração de trazer Antonio para uma reunião que organizei na SBPC, em Campinas, em 1982, para um simpósio sobre a natureza do conhecer”, relembra. Segundo Nelson Vaz, Coutinho foi pioneiro ao estudar o sistema imune na ausência de doenças. “Sua ‘imunologia sem antígeno’ é revolucionária, embora as pessoas não a compreendam de imediato”, assegura o professor, que trabalhou por um ano no laboratório de Coutinho, em Paris, e publicou com ele estudos sobre atividades “naturais” do sistema imune, como a imunologia da assimilação dos alimentos, processo que pode ser considerado o contrário do que o organismo faz ao tomar contato com vacinas.