Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos: Foca Lisboa/UFMG
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Campolina entrega o título a Coutinho, precursor da chamada "imunologia sem antígeno"

Imunologista António Coutinho é o 20º Doutor Honoris Causa da UFMG

sexta-feira, 7 de março de 2014, às 20h00

Uma vida inteira a tentar compreender a vida e a ajudar os mais jovens a encontrar seus caminhos únicos. Assim definiu a própria trajetória o imunologista António Coutinho que recebeu, na noite desta sexta-feira, 7, o maior título honorífico da UFMG.

Em seu agradecimento pela homenagem, afirmou que se possui algum merecimento, este está no processo e não no resultado de sua longa carreira como cientista. Ao falar sobre ciência, biologia e educação, destacou que “se o livre arbítrio existe, a educação representa a vitória sobre o acaso das mutações”.

O evento ocorreu em sessão pública e solene do Conselho Universitário, no auditório da Reitoria. O reitor Clélio Campolina Diniz destacou que o título é concedido pela UFMG a cientistas e acadêmicos de altíssimo destaque na comunidade mundial, por sua contribuição ao pensamento científico, filosófico, cultural ou artístico, após rigorosa e criteriosa análise das congregações das unidades e do Conselho Universitário.

“Esta é a razão pela qual, em seus 86 anos, ou 120 anos se considerarmos a fundação da Faculdade de Direito como primeira unidade da UFMG, foram concedidos apenas 20 títulos de Doutor Honoris Causa”, disse. E lembrou que, embora o avanço do conhecimento resulte de obra coletiva e cumulativa, “é preciso reconhecer, explicitar e registrar que a contribuição de umas poucas personalidades é decisiva e seminal para o avanço do conhecimento. Este é o exemplo do professor Antonio Coutinho”, ressaltou.

Para Campolina, o currículo e a biografia do homenageado “demonstram, de maneira indiscutível, sua contribuição marcante nas áreas médica e de saúde, com destaque para o campo da imunologia”.

Ampliando laços
Na opinião do diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, Tomaz Aroldo da Mota Santos, ao propor ao Conselho Universitário a concessão do título de Doutor Honoris Causa, o ICB presta ao professor Coutinho “justíssima homenagem pelo muito que contribuiu para a imunologia como ciência, e em especial, para o desenvolvimento da imunologia brasileira”. Segundo ele, a iniciativa contribui concretamente para ampliação dos laços que unem o professor António Coutinho à UFMG e, em particular, à comunidade científica do ICB.

“Registro, com elevado reconhecimento, o privilégio de ter sido um dos seus alunos e colaboradores”, disse Tomaz Aroldo (leia discurso na íntegra), relembrando quando, na Unidade de Imunobiologia do Instituto Pasteur, em Paris (França) e mais tarde, no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras (Portugal), conviveu “com suas ideias inovadoras sobre a imunologia, a ciência e as instituições de pesquisa científica”.

Segundo Tomaz Aroldo, a capacidade de Coutinho de estabelecer conexões entre diferentes áreas de conhecimento e entre instituições de diferentes países, “permite-nos vê-lo como uma pessoa tão necessária ao nosso tempo: a que aproxima pessoas, culturas, nações – um construtor de convivência, de fraternidade, de paz”.

Também trabalhou com Coutinho na Europa o professor emérito da UFMG Nélson Monteiro Vaz, responsável pelo discurso de saudação. Vaz comentou que foi o primeiro a trazer Coutinho ao Brasil: “Por felicidade minha e de muitos brasileiros, tive a inspiração de trazer António para uma reunião que organizei na SBPC, em Campinas, em 1982, para um simpósio sobre a natureza do conhecer”.

Segundo Nelson Vaz (leia saudação na íntegra), Coutinho foi pioneiro ao estudar o sistema imune na ausência de doenças. “Sua ‘imunologia sem antígeno’ é revolucionária, embora as pessoas não a compreendam de imediato”, afirma o professor, que trabalhou por um ano no laboratório de Coutinho, em Paris, e publicou com ele estudos sobre atividades “naturais” do sistema imune, como a imunologia da assimilação dos alimentos, processo que pode ser considerado o contrário do que o organismo faz ao tomar contato com vacinas.

Solenidade
Ao som da música Verdes anos, do compositor português Carlos Paredes (1925-2004), executada pelo grupo Ideia Musical, composto por alunos e ex-alunos da Escola de Música da UFMG, o homenageado foi conduzido à mesa de honra por comissão constituída pelos professores Nelson Monteiro Vaz, responsável pela saudação; Carlos Renato Machado, chefe do Departamento de Bioquímica e Imunologia; e Ana Maria Caetano Faria, coordenadora do Laboratório de Imunologia do Departamento de Bioquímica e Imunologia. “Nunca tinha ouvido Verdes anos tocada por um quarteto de cordas. Magnífico”, comentou o homenageado.

Após a execução dos hinos nacionais português e brasileiro, pelo mesmo grupo musical, houve pronunciamento dos professores Tomaz Aroldo e Nelson Vaz, seguidos da outorga do título e entrega do diploma ao homenageado pelo reitor Clélio Campolina, e pela entrega, pela vice-diretora do ICB, professora Janetti Nogueira de Francischi, de peça de artesanato da artesã Irene Gomes da Silva, da cidade de Turmalina, do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

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Da esquerda para a direita: Tomaz Aroldo da Mota Santos, vice-reitora Rocksane Norton, reitor Clélio Campolina, António Coutinho, deputada federal Jô Morais e vice-diretora do ICB Janetti Nogueira de Francischi

Título de destaque
Honoris causa é locução latina (em português: "por causa de honra") usada em títulos concedidos por universidades a pessoas eminentes, que tenham se destacado em determinada área, por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições. Historicamente, um doutor honoris causa (ou doctor honoris causa) recebe o mesmo tratamento e privilégios que aqueles que obtiveram doutorado acadêmico de forma convencional.

Em seus 86 anos de história, a UFMG outorgou seu maior título honorífico a apenas 20 personalidades, já incluindo o professor Coutinho. O título é concedido por iniciativa do Conselho Universitário ou por sugestão de uma das congregações da UFMG. Em seu capítulo 4, o Regimento da Universidade define que ele se destina a brasileiros ou estrangeiros cujo trabalho seja de especial relevância para cultura, educação ou ciência.

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Trajetória
Formado em Medicina pela Universidade de Lisboa em 1969, o cientista António Manuel Pinto do Amaral Coutinho foi apontado pelo Institut for Scientific Information (ISI) como um dos cem imunologistas mais influentes do mundo, tendo atuado como professor e diretor de institutos em países como Portugal, Suíça, França e Suécia.

Seu trabalho de mais de quatro décadas inclui a descoberta, considerada revolucionária por muitos de seus pares, de que o sistema imune possui atividade interna substancial, que independe de antígenos externos.

Formador de pesquisadores, Coutinho realizou, na década de 1980, suas primeiras iniciativas menos convencionais de formação pós-graduada. Com Susumu Tonegawa, organizou no Brasil os cinco Cursos/Simpósios Yakult, que permitiram a um número considerável de jovens a familiaridade com investigadores de primeira linha e contribuíram para a internacionalização da imunologia brasileira.

Atualmente concilia as aulas na Faculdade de Medicina de Lisboa, nos programas doutorais do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e em projeto que vai formar, ao longo dos próximos cinco anos, uma centena de jovens africanos em ciências biológicas e biomédicas, “com o mesmo grau de exigência e qualidade que o dos melhores programas internacionais”.

Sob sua direção, o Instituto se consolidou como um dos principais centros de formação de pesquisadores em biomedicina do mundo. Convencido que, para se manter vivas, as instituições devem reformar-se com regularidade e que o Instituto Gulbenkian de Ciência atingira uma reputação que lhe permitiria recrutar um novo diretor de grande qualidade e reputação internacional, António Coutinho demitiu-se do cargo em 2012, integrando atualmente o Conselho Diretivo da instituição.

É ainda curador da Fundação Champalimaud e coordenador do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, dedicando o seu tempo à administração e avaliação da ciência, em múltiplos conselhos científicos e comissões de avaliação, na Europa, na América e na Ásia e no Brasil.

(Ana Rita Araújo)

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