Professores do Laboratório de Ensaios de Combustíveis (LEC) da UFMG participam, às 14h desta sexta-feira, da assinatura do memorando de entendimento que prevê o desenvolvimento da cadeia de valor do bioquerosene para a aviação em Minas Gerais. A solenidade será no Aeroporto Indústria, localizado no complexo do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins), com presença do governador Antonio Anastasia. Várias instituições de pesquisa, além de produtores e órgãos governamentais, especialmente os de fomento à produção, também vão assinar o memorando de intenções. O objetivo do governo é estimular o plantio e a produção, além de trazer empresas para atuar em Minas Gerais. Conforme explica a professora Vânya Pasa, que coordena o Laboratório, a UFMG deve ser acionada no futuro para realizar as análises da produção e apoiar a certificação de qualidade dos combustíveis. Caso essa hipótese se confirme, a Universidade poderá receber do poder público incentivos financeiros para pesquisas que ajudem a consolidar a cadeia de produção do bioquerosene. “Por conta da estrutura que temos aqui, o governo e outras empresas devem investir em nosso laboratório para que nos transformemos em referência nas análises. A UFMG entra como centro de competência para caracterizar o produto, apoiar os órgãos de fiscalização e as indústrias”, detalha a professora. As fases posteriores do projeto preveem a oficialização de consórcios e o financiamento de toda a cadeia do bioquerosene - do plantio à certificação do produto, passando pela pesquisa. Sustentabilidade ambiental O bioquerosene, por sua vez, é sintetizado exclusivamente a partir de vegetais não comestíveis, aspecto que vai ao encontro do princípio de que a indústria de biocombustíveis não deve concorrer com a produção de alimentos. “Nesse sentido, a cadeia do bioquerosene pretende se consolidar de maneira sustentável, uma vez que se vale de matérias-primas vegetais como camelina, macaúba e pinhão manso, além de resíduos como palha, papel e papelão”, completa Vânya. Ainda incipiente, essa indústria tende a desempenhar papel estratégico para o Brasil, que pode se tornar autossuficiente na produção de biocombustíveis. O bioquerosene já é produzido em alguns países em escala piloto ou semi-industrial. Mesmo após a sua afirmação no mercado, será utilizado com uma concentração máxima de 50% nos tanques das aeronaves, devido principalmente ao seu custo de produção, que ainda não é competitivo.
Todo combustível originário de fonte renovável é menos agressivo ao meio ambiente. Isso porque sua cadeia produtiva promove a reabsorção, no próprio plantio e por meio da fotossíntese, do gás carbônico resultante das queimas.