É preciso consolidar o compromisso que a UFMG assumiu com a sociedade de ampliar suas vagas de graduação e acolher um alunado mais diverso, com política clara de assuntos estudantis, disse hoje em entrevista coletiva o novo reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramírez. Ele e a vice-reitora, Sandra Regina Goulart Almeida, abordaram ainda temas como trote, Lei de Cotas e seleção por meio do Enem e do Sisu. Estas foram algumas das respostas dadas aos jornalistas. Graduação e ampliação Jaime: A graduação é a base da instituição. Dela saem os futuros professores que vão atuar nesta e em outras instituições. É a última oportunidade que temos de oferecer uma formação sólida no campo de atuação que cada um escolheu – sobretudo uma formação mais crítica, mais cidadã e mais humana. A UFMG aderiu ao Reuni em 2008 e desde então ampliou as vagas de graduação em torno de 40%. Vamos alcançar neste ano aproximadamente 50 mil alunos no conjunto da Universidade. Trata-se de um corpo discente muito grande, diverso e rico. Por todas essas questões, colocamos o desafio da graduação como meta de nossa gestão. O desafio é a necessidade de consolidar rapidamente esse compromisso que a Universidade assumiu com a sociedade no que diz respeito à expansão de suas vagas. Consolidar os cursos novos e completar o acolhimento aos novos alunos. Este é um processo que ainda não se concluiu. É algo que toca várias questões, como a expansão da infraestrutura, por exemplo, mas passa especialmente pela elaboração de uma política clara de assuntos estudantis para atendermos melhor todos os que a UFMG recebe – em toda a sua diversidade. Essa é uma ação prioritária. Sandra: Estamos cumprindo um papel social ao receber esses alunos da escola pública. Mas é muito recente essa forma de ingresso. O que temos de fazer de agora em diante é avaliar os impactos na vida acadêmica e realizar as ações para que possamos manter a qualidade da UFMG ao mesmo tempo em que atendemos a essa nova demanda. Cotas Enem e Sisu Sandra: E tivemos uma grata surpresa com essa nota do Sisu. Não só a UFMG foi a Universidade mais procurada entre todas as que participaram do processo do Sisu, como também as notas de corte de todos os cursos foram bastante altas. Além disso, não houve uma diferença grande entre aqueles que entram por meio da lei de cotas e aqueles que ingressam por meio da seleção ampla, então isso nos mostra que podemos ter boas perspectivas para esse alunado que agora chega, nos mostra que esse alunado que está ingressando na Universidade é um alunado de qualidade. E temos de nos preparar para acolher a todos de forma igualitária. Jaime: Nesse sentido, para este ano está programado o recebimento de R$ 36 milhões do Governo Federal, recurso que virá exclusivamente para ser usado em assuntos estudantis, em assistência estudantil. E nós vamos acompanhar de forma muito criteriosa e cuidadosa as necessidades de sustentação econômica e de permanência – não só na Universidade, mas na cidade – desses novos alunos. Se necessitarmos de mais recursos para prover as políticas de permanência e inclusão dos egressos da escola pública, eu vou recorrer diretamente ao Governo Federal em busca desses recursos. Direito e Arquitetura Jaime: Da Escola de Direito já foi lançada a pedra fundamental, e a obra se inicia nos próximos meses. Temos a esperança de que essa obra seja entregue ainda no nosso mandato. Quanto à Escola de Arquitetura, por sua vez, a fase é de elaboração do projeto para então lançar-se a pedra fundamental. A expectativa é de que nos próximos quatro anos as duas unidades se transfiram para o campus Pampulha. Trote Jaime: A Universidade tem de discutir com a sociedade e elaborar uma norma, uma resolução social de conduta para a sua comunidade interna. A Universidade tem de acolher a todos de uma forma igualitária, independentemente da sua origem, da sua cor, da sua condição econômica, de quem a pessoa escolheu para amar. Essa norma de conduta social é algo que vamos apresentar ainda este ano, algo para ser discutido com toda a comunidade. A nossa expectativa é que essa norma seja apreciada pelo Conselho Universitário, que é a instância máxima da Universidade, e implementada até o final deste ano. Sandra: Esse é um ponto importante, prioritário para a nossa gestão. Eu sou da área de gênero, trabalho muito com essa questão. A UFMG não pode aceitar comportamentos que ferem os direitos humanos. Abusos, sexismo, racismo, assédio moral, assédio sexual: questões assim não podem ser aceitáveis em contexto algum, muito menos numa instituição pública como a UFMG. Então, de imediato nós criaremos uma comissão que vai discutir essa questão de uma norma social, que vai reger a conduta da comunidade como um todo, não só dos alunos, mas também de professores e servidores. A comissão vai ser criada imediatamente e esperamos que até o final do ano essa norma já tenha sido implementada, após passar pelas instâncias colegiadas.
Jaime (em foto de Foca Lisboa/UFMG): Vamos continuar a política que a UFMG adotou, que nada mais é que o cumprimento de Lei Federal. Até 2016, temos de concluir o processo de implantação gradual da política de cotas com 50% das vagas em cada curso destinadas a egressos de escolas públicas – e, dentro desses 50%, as especificidades que a lei determina, no sentido da origem étnica e social de cada aluno. Evidentemente, temos de acompanhar de perto as condições que os alunos têm de acompanhar as atividades que são desenvolvidas, já que sabemos que o perfil do discente da UFMG está mudando. É por essa razão que a graduação é uma prioridade. No entanto, o último resultado que tivemos do Enem, agora em 2014, nos indica que os níveis de cortes em todos os cursos que a UFMG oferece são altos, de forma que não temos em princípio nenhuma razão para pensar que os alunos não têm formação adequada.