O Café Controverso desta semana discute liberdade de expressão e os limites do humor com o tema Charges e marchinhas – humor e censura No Brasil. O encontro acontece no dia 22 de março, sábado, às 11h, no Espaço do Conhecimento UFMG. A entrada é franca. Quando bem utilizado, o humor é uma das formas mais sofisticadas de protesto e crítica, a exemplo do que fizeram grandes mestres do riso, como Groucho Marx e Charles Chaplin. Entretanto, o mesmo humor que causa reflexões sobre temas do cotidiano, por vezes termina, de forma inesperada, se tornando condenável aos olhos do público e da própria justiça. Convidado da vez do Café Controverso, o cartunista Duke já sentiu na pele os efeitos do que chama de “censura póstuma”, fruto do conflito entre liberdade de expressão do humorista e os direitos de manifestação da parte que se considera ofendida. Em 2010, uma charge feita por ele sobre a arbitragem do juiz de futebol Ricardo Marques Pereira gerou um processo por danos morais. Para ele, a liberdade de expressão no humor está cada vez mais em risco devido à subjetividade com que cada pessoa pode vir a interpretar as informações que recebe. “Vivemos numa sociedade mais complexa que a de 1964. Naquela época, a censura era apenas prévia e as pessoas sabiam como lidar com ela, inclusive com formas criativas de burlá-la. Hoje você tem medo do que escreve, ou diz, por não saber como será interpretado”. explica. Também convidado, o músico e compositor Flávio Henrique acredita que a culpa dessas interpretações distorcidas é do chamado ‘humor chapa branca’. “Quando se trata de humor, as pessoas levam as coisas para um lado muito pessoal, o que é um erro porque o alvo não é o indivíduo, mas o fato em si”, comenta, explicando que charges, marchinhas e outras manifestações bem humoradas são apenas formas de retratar o cotidiano, mas que encontram reações desproporcionais. Autor de marchinhas famosas como A coxinha da madrasta e O eco do buraco, Flávio defende que o humor é uma importante ferramenta política, portanto não deve reforçar nenhum tipo de estereótipo e preconceito. “Uma coisa é criticar questões públicas, a sociedade pode e deve cobrar, outra bem diferente é fazer piadas jocosas, estereotipando mulheres, negros, pobres e outros grupos historicamente marginalizados”, afirma. O Espaço do Conhecimento UFMG fica no Circuito Cultural Praça da Liberdade, Centro de Belo Horizonte. Mais informações pelo telefone 3409-8350. (Com Assessoria de Comunicação do Espaço do Conhecimento)