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A música produzida nos aglomerados urbanos ultrapassa os limites que separam morro do asfalto e passam a fazer parte da agenda cultural dos jovens de classe média, a exemplo de ritmos como funk carioca e o rap. Dessa forma, a produção, antes marginal, passa a ocupar novo lugar, pondo em xeque classificações como “periferia” e “centro”. Esse é o mote do debate Rap e funk: músicas de periferia?, promovido pelo programa Café Controverso neste sábado, dia 5, às 11h, no Espaço do Conhecimento UFMG. Os convidados são o sociólogo e produtor cultural Rômulo Silva e o pesquisador e professor de musicologia da UFMG Carlos Palombini. O rap, sigla de Rhythm and poetry (ritmo e poesia), tem suas origens na Jamaica e se popularizou nos Estados Unidos, no final dos anos 70, tornando-se um dos elementos da cultura urbana conhecida como hip-hop. O miami bass, variação mais dançante do rap, com letras de duplo sentido, recheadas de conotações sexuais, foi a base de criação do funk carioca, considerado por muitos pesquisadores como a primeira música eletrônica totalmente brasileira. O rap, por sua vez, ganhou notoriedade em terras tupiniquins na vez de nomes como Pepeu, Thaíde e DJ Hum e os Racionais MCs, ícone do gênero no Brasil Tanto o rap quanto o funk são gêneros musicais produzidos e consumidos em grande escala por jovens moradores das regiões de menor poder aquisitivo das grandes cidades. Nos últimos anos, as duas modalidades musicais deixaram de ter seu espaço de circulação e fruição restrito à periferia, ganhando rádios, ipods e festas dos jovens de outros extratos sociais. Carlos Palombini, professor de musicologia da UFMG e pesquisador do “Proibidão”, um dos subgêneros do funk carioca, diz que em todo funk há uma visão de mundo oriunda das áreas subvalorizadas, a chamada periferia. Sobre a classificação, Palombini explica que “a exemplo dos artistas ligados à MPB, alguns músicos são considerados a faixa nobre da música brasileira. Outros, mesmo ouvidos por parcela significativa, não partilham do mesmo prestígio”. A periferia no centro Rômulo acrescenta que a música não é apenas de quem a produz, mas também de quem a recebe, o que, em sua interpretação, torna ainda mais discutível a dicotomia existente entre periferia e centro. A entrada é franca. O Espaço do Conhecimento fica na Praça da Liberdade, na Savassi. Mais informações sobre o Café Controverso podem ser obtidas neste endereço. (Assessoria do Espaço do Conhecimento UFMG)
Rômulo Silva, produtor responsável pelo festival Cidade Hip-Hop, questiona se a música tem, necessariamente, que ter sua identidade “atrelada ao território”. "O rap produzido no Brasil durante os anos 90 era da periferia para a periferia. Com o aprimoramento tecnológico, essa música tornou-se mais acessível para públicos de outras classes sociais. Em consequência, pessoas de outras localidades também passam a reproduzir o rap em escala mais ampla”, conta ele.