A partir desta terça-feira, dia 6, a Faculdade de Letras terá nova diretoria. A professora Graciela Inés Ravetti de Gómez assumirá o cargo, tendo como vice-diretor o professor Rui Rothe-Neves. O reitor Jaime Arturo Ramírez participará da cerimônia, às 19h, no auditório 1007 de Faculdade. A transmissão do cargo será feita professor Luiz Francisco Dias, diretor da gestão 2010-2014. Para Graciela, o grande desafio a ser enfrentado por sua gestão é a necessidade de a Fale encampar, simultaneamente, e com grande qualidade, atividades de ensino superior, de pesquisa e de extensão. “A Fale tem a vocação de ser e deve ser escola de formação profissional de elevada qualidade, instituto de pesquisa, terreno de formação de lideranças intelectuais, celeiro de criação artística, campo de compreensão e transmissão da cultura e um imenso laboratório de formação de professores ao mesmo tempo”, diz a professora. “Nesse sentido, temos a convicção de que seremos capazes de, nesses quatro anos, concretizar significativos progressos morais e intelectuais coletivos no âmbito da Faculdade. A gestão anterior tem nos proporcionado uma transição administrativa segura e equilibrada para que sigamos nesse propósito”, afirma. Graciela destaca o interesse em estabelecer uma gestão em permanente diálogo com todas as instâncias da UFMG, dos professores aos alunos, passando pelos técnicos e administrativos em educação e demais pessoas envolvidas com a unidade. “Confio muito no diálogo como ferramenta para o crescimento”, ressalta a professora. Segundo ela, não cabe pensar uma Faculdade sem estar em diálogo com as pessoas que estão no dia a dia, no “campo de batalha”. “Eles têm know-how, saberes, conhecimento empírico específico, ideias, e nesse diálogo é possível encontrar soluções criativas e melhores, que deixam a comunidade mais satisfeita”. Olhar para a graduação O contexto é o processo acelerado de mudanças pelo qual a Faculdade vem passando desde o ano 2000, quando os departamentos foram eliminados e a estrutura da Faculdade, reorganizada. “Foi uma mudança na direção da flexibilização. No entanto, no caso da Fale, flexibilizamos tanto ‘para fora’, no sentido da inter, da trans e da multidisciplinaridade, quanto ‘para dentro’, o que gerou esse currículo imenso e aberto que temos hoje”, lembra a professora. Para Graciela, essa abertura interna é uma riqueza, um patrimônio imaterial da Faculdade – mas que mesmo assim precisa ser repensado. Não no sentido de uma inflexão, defende a nova diretora, mas sim no sentido de o currículo dialogar com as atuais condições de trabalho. “Há uma defasagem do número, da quantidade de professores para atender à atual demanda dos alunos. As condições de trabalho mudaram. Surgiu a questão tecnológica, que é tão forte. Então precisamos repensar o currículo. Não na direção de engessá-lo, mas sim de adaptá-lo a essa nova realidade”. Complexidade Graciela defende o aprofundamento da transparência e os processos permanentes de avaliação e autoavaliação, o que será, segundo ela, um fundamento sólido para que se possa assumir políticas concretas em consonância com o conjunto da Faculdade. “Quem propõe políticas precisa informar e saber explicar as suas decisões, os porquês das mudanças propostas. Isso é transparência – e possibilita a avaliação permanente”. A professora também destaca a necessidade de mais inclusão social. “Trata-se, sobretudo, de reconhecermos os novos perfis do alunado e suas competências para propormos ações em consequência disso”, pondera. Para criar condições materiais e institucionais que garantam o sucesso desses alunos na educação superior, opina a nova diretora, “é preciso realizar mudanças na priorização de objetos de pesquisa e de ensino. Em suma, uma reorientação de energia intelectual para questões sociais ainda não presentes com a devida ênfase na nossa escola”. Graciela ainda aponta para a necessidade de estabelecer metas, fortalecer os foros de reunião e discussão com a comunidade e atualizar o Projeto Pedagógico da Fale. “Também queremos tornar mais bem definidas as funções administrativas, de forma a permitir fluxos operacionais descentralizados, e aprofundar a integração entre as áreas de pesquisa, de ensino e financeira”. Trajetórias Já o professor Rui Rothe-Neves é professor associado da Fale. Leciona e pesquisa na área de Linguística/Fonética. Integra o Laboratório de Fonética da Fale e coordena o grupo de pesquisas Percepção da fala: estudos experimentais. Fez estágio pós-doutoral na CNRS/Université de Provence, na França.
Para Graciela, ainda que o planejamento de gestão contemple necessariamente uma atenção a todas as áreas da Faculdade, um importante foco será sem dúvida a graduação. A professora chama a atenção para o impacto do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) em face das especificidades da Fale.
Graciela lista os principais compromissos de sua gestão. Entre as demandas já percebidas, a professora aponta para a necessidade de tentar definir o que significa a famosa “complexidade” da Faculdade de Letras. “A ideia é tentar entender melhor essa complexidade e definir, ainda que de forma provisória, de que forma podemos lidar com ela”, diz.
Graciela Inés Ravetti de Gómez é professora titular em Estudos Literários na Fale. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (Pós-Lit) nos últimos dois anos. É mestre e doutora em Letras pela Universidade de São Paulo e pesquisadora I-D do CNPq.