A proposta de levar a escolas da rede pública de ensino o modelo dos cafés científicos é tema de evento que termina nesta sexta-feira, 16, em Belo Horizonte, com a presença de pesquisadores franceses e de instituições mineiras. Em oficinas que reúnem alunos do primeiro ano do ensino médio de escolas da capital mineira, os especialistas estão capacitando jovens que se tornarão multiplicadores desse conhecimento. Como parte da formação, os estudantes vão atuar esta semana como animadores de debate em escolas, sobre o tema “água”. O objetivo é fomentar a discussão sobre a gestão pública da água potável, informa a professora Silvania Sousa do Nascimento, titular da Diretoria de Divulgação Científica (DDC) da UFMG. O projeto é realizado em parceria da DDC com o Laboratório Icar, da Universidade de Lyon (França), a equipe do projeto Ciência, Café e Cultura (Cefet-MG) e professores do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg). Enquanto a UFMG oferece ao projeto a experiência do Barômetro: Ciência, Café e Debate, que realiza desde 2011, a equipe francesa traz o dispositivo Youtalk, que inclui estratégias de manutenção de debate, de mediação de controvérsia e de estruturas argumentativas. A equipe treinou alunos do ensino médio do Cefet-MG, do Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg) e do ensino fundamental do Colégio Dona Clara. Os jovens serão animadores de debates no Cefet-MG, no Iemg e na escola municipal Fernando Dias Costa, no bairro Taquaril, quando os organizadores terão a oportunidade de testar o Youtalk nessas instituições. Parceria Uma das integrantes do Laboratório Icar que participa da capacitação é Claire Polo, que defendeu recentemente em sua tese de doutorado estudo comparativo entre dez cafés científicos realizados entre 2011 e 2012, tendo como tema o debate sobre a água potável. Claire revela a expectativa de trabalhar com o grupo de estudantes para que sejam multiplicadores nas escolas. “Pretendemos usar bem o Youtalk como dispositivo pedagógico para incentivar a criação de espaços de debate nas escolas daqui, pensando em temas complexos relacionados com a sociedade e não só com os saberes científicos e técnicos”, ela diz. Todas as atividades ministradas durante a capacitação de formadores para Café Científico Júnior estão sendo gravadas; o material passará por transcrição, tradução e análise. Essa etapa ocorrerá na França, no segundo semestre de 2014, e dela também participarão representantes das quatro instituições. “Vamos tratar os dados no Icar, da mesma forma como fizemos com México, Estados Unidos e França. Assim, desenvolvemos um processo colaborativo para disponibilizar os conteúdos, e a partir daí poderemos compartilhar métodos e experiências”, conclui Claire Polo. (Com Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão)
A equipe de pesquisadores franceses integra o Laboratório Icar, unidade de investigação de atividades científicas multidisciplinares. Segundo Silvania Nascimento, eles têm acompanhado os trabalhos da DDC e compartilhado resultados de pesquisas sobre as questões que envolvem ciência e debates públicos. “Eles trazem a experiência de formação de jovens ‘animadores’ em debates públicos e também vêm observar como nós trabalhamos aqui no Brasil”, comenta a professora.
“Mediamos vários cafés usando o Youtalk em escolas no México, Estados Unidos e França. Nossa visita ao Brasil tem o mesmo objetivo: colher dados similares aqui e colaborar com a pesquisa da UFMG, além de permitir comparar as realidades dos quatro países”, adianta.