Ficções impuras é o tema da conferência que a professora Eneida Maria de Souza, emérita da UFMG, profere nesta terça-feira, dia 27, na Faculdade de Letras. A atividade começa às 14h, no auditório 1007. As inscrições podem ser feitas na secretaria do Centro de Extensão da Unidade. Em sua comunicação, Eneida vai trabalhar argumentos de um texto de sua autoria em que aborda o conceito de sobrevivência: “Eu retomo esse conceito a partir de uma citação do [Jacques] Derrida, em que ele fala sobre o que sente por seu arquivo. Ele fala sobre o arquivo que se deixa para a posteridade; os traços, as marcas, aquilo que de nós sobrevive em nosso arquivo. Ou seja, aquilo que dele ficaria para o leitor do futuro”. Sob o mote da sobrevivência, a professora também abordará a leitura que o filósofo francês Didi-Huberman fez do historiador de arte alemão Aby Warburg. “Vou falar algumas coisas sobre a ideia de temporalidade artística. De como o passado emerge, sobrevive no presente. Porque não podemos dizer que ideias, conceitos e teorias do passado morrem. Eles sobrevivem no presente a partir das leituras aguçadas do leitor, e vão se transformando na medida da leitura que se faz no presente”, diz a emérita. É nesse sentido que Eneida aponta certa “impureza” da arte e dos conceitos. “São impuros na medida em que não se tem nunca uma retomada da origem nem uma retomada precisa do passado. Porque ele se transforma sempre. Por isso, as formas artísticas são sempre impuras. Não há a autenticidade”, defende. Em sua fala, Eneida proporá aproximar Warburg de Silviano Santiago – especialmente em relação ao seu livro Viagem ao México, em que um personagem busca novas experiências artísticas e de vida naquele país. “É um livro em que está implícito o conceito do entre-lugar do Silviano. Busco associar isso com a viagem que Warburg faz no final do século 19 ao Novo México, nos Estados Unidos. É uma viagem em que ele entra em contato com a arte e os rituais indígenas. Faço essa aproximação para pensar no entre-lugar. Como se a arte estivesse nesses intervalos. Uma ideia de que a arte sobrevive justamente ali”, provoca a professora. A palestra de Eneida é uma realização do Núcleo Walter Benjamin e do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da Fale. O evento é gratuito e serão emitidos certificados de participação.