Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos: Carlos Schaefer/UFV
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Trindade: de floresta tropical, no século 18, a vegetação formada por gramíneas e ervas, nos dias atuais

Pesquisadores do IGC investigam influência das aves na fosfatização de solos na Ilha de Trindade

quarta-feira, 13 de agosto de 2014, às 5h52

Amostras de solos da Ilha de Trindade, a 1.167 quilômetros da costa de Vitória (ES), serão coletadas por pesquisadores da UFMG durante trabalho de campo para estudos da fosfatização de rochas e solos da região. O trabalho é uma das atividades do projeto Solos ornitogênicos como indicadores de evolução da paisagem na Ilha da Trindade, Atlântico Sul, que faz parte do Programa de Pesquisas Científicas na Ilha da Trindade (Protrindade), sob coordenação do professor do IGC Fábio Oliveira.

Ontem, 12, o pesquisador – geógrafo e doutor em geologia, com ênfase no estudo de solos e geomorfologia – e a mestranda em Geografia Mariana de Rezende Machado embarcaram, no Rio de Janeiro, em navio-patrulha da Marinha do Brasil, com destino à ilha vulcânica. O retorno está previsto para o dia 23.

Durante quatro dias, a equipe vai recolher amostras de solos, com o objetivo de estudar seu processo de fosfatização. “Nosso foco está em superfícies que naturalmente não são ricas em fósforo e que passaram a ser em razão da interferência biológica, sobretudo de aves. É o que chamamos de solos ornitogênicos", explica o professor. "Não há vida no planeta se não houver fósforo. Esses solos e rochas fosfatizados são etapas fundamentais na ciclagem biogeoquímica desse elemento”, explica o professor.

O trabalho do pesquisador com os solos de ilhas oceânicas começou em 2001, durante iniciação científica na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Sob coordenação do professor Carlos Schaefer, que lidera projetos de solos em ilhas oceânicas e na Antártica, os primeiros estudos das ilhas demonstraram uma variedade de solos com influência de aves. Além de Trindade, as pesquisas são realizadas no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em Fernando de Noronha e em Abrolhos.

“Depois de se alimentarem, os pássaros constroem seus ninhos nas ilhas. Ao nidificar, eles também defecam, e seu excremento, rico em fósforo, funciona como uma solução de alteração de rochas e solos, tornando lugares que não têm fósforo verdadeiros depósitos desse elemento”, detalha o professor do IGC.

Fábio Oliveira salienta que não há fosfatização se, antes, não houver colonização. Um exemplo é a Antártica, cujos solos mais desenvolvidos estão ocupados por pinguins. Na Ilha de Trindade, foram encontrados solos com fosfatização recente e também superfícies onde esse processo se deu no passado.

“Uma superfície recoberta por uma floresta tropical, por exemplo, é mais difícil de ser nidificada. Os pássaros procuram áreas abertas para isso. Assim, o processo ocorre em períodos secos, quando o clima é árido e a superfície está mais descoberta. Futuramente, a própria mata pode se aproveitar do fósforo presente nesses solos para se desenvolver”, explica Oliveira.

Ele explica que a Ilha da Trindade se tornou um verdadeiro estoque de fósforo. “Esse elemento não se perde, ele fica estocado e volta para o ciclo marinho, de onde surgiu. Quando chove, há um transporte de sedimentos para o oceano. Como esses sedimentos são comida, a vida brota. É um ciclo para o qual contribui a fosfatização, um processo de formação de solos”.

Ocupação
Após a coleta de amostras indeformadas (torrões de solos), elas são cortadas, parafinadas e fatiadas em lâminas delgadas, que serão descritas e fotografadas em microscópios. Por meio desse processo, os pesquisadores esperam observar detalhadamente como ocorreu a interação das soluções ricas em fósforo com os substratos, verificando, inclusive, a formação de novos minerais. Para isso, a equipe do professor Fábio Oliveira utilizará, entre outras, a infraestrutura do Centro de Microscopia da UFMG.

Coordenado pela Marinha do Brasil, com financiamento do CNPq, o Protrindade apoia pesquisas na Ilha da Trindade, a fim de estimular sua ocupação. Por meio da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar (CNUDM) e da ratificação, pelo Brasil, no fim dos anos 1980, surgiu a necessidade de ocupação e de promoção do conhecimento técnico-científico das ilhas oceânicas brasileiras.

Pelo tratado, os países obtiveram o direito de explorar e de aproveitar recursos naturais em um raio de até 200 milhas náuticas de sua costa, a chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE). “Como o Brasil possui ilhas no Atlântico, esse raio aumenta para 200 milhas ao redor de cada uma delas. Dessa forma, o país é um dos que possuem maior área de exploração exclusiva no mar”, explica o professor.

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A ilha
Com cerca de 10 quilômetros de extensão, Trindade é a ilha oceânica brasileira mais distante da costa, situada a 1.167 quilômetros de Vitória (ES), no Oceano Atlântico. A ilha é fortemente acidentada, com elevações que atingem até 600 metros. Dada a sua origem vulcânica, conta com grande presença de lavas, cinzas e areias. A última erupção vulcânica foi registrada há cerca de 50 mil anos.

A ilha foi coberta por floresta tropical, segundo relatos feitos por navegantes dos séculos 17 e 18. Atualmente, é revestida por gramíneas e ervas e possui uma floresta de samambaias gigantes, com árvores que podem chegar a seis metros de altura. A temperatura média anual é de 24ºC, com chuvas breves quase todos os dias, principalmente no verão. A fauna local é composta principalmente por aves, caranguejos e tartarugas marinhas, e a água do entorno possui peixes e lagostas.

Projeto: Solos ornitogênicos como indicadores de evolução da paisagem na Ilha da Trindade, Atlântico Sul
Coordenador: Fábio Oliveira, do IGC
Financiamento: CNPq/Protrindade
Parceiros: Carlos Schaefer (UFV); Vilma Macagnam (UFMG); Adriana Monteiro (UFMG); Eliane Clemente (Embrapa Solos)

(Hugo Rafael)

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