A arena da Fafich recebe, nesta quinta-feira, 28, às 16h, a sexta audiência pública que discutirá a criação da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis. Apresentação de propostas de políticas específicas para pessoas com deficiência será o enfoque dessa audiência. Um dos estudantes assistidos pelo CADV, Abel Passos do Nascimento Júnior, do curso de Psicologia, defende que a UFMG deve planejar políticas de inclusão para toda a comunidade universitária. “As políticas de inclusão devem ser estendidas a servidores e professores para que não se crie uma visão estereotipada das pessoas com deficiência”.
A coordenadora do Centro de Apoio ao Deficiente Visual (CADV), Vera Nunes, explica que a demanda por audiências temáticas surgiu durante encontros anteriores. “Percebemos que os alunos tinham muitas queixas. Essa forma de diálogo é importante para a adequação da Universidade às novas necessidades, como as demandas de estudantes com deficiência", afirma.
Na opinião de Abel, a audiência pública desta quinta é de extrema importância. “Espero que seja a primeira de muitas audiências na UFMG para discutirmos políticas públicas para melhoria da qualidade de vida das pessoas que possuem qualquer tipo de limitação, seja ela motora, visual ou auditiva. Para executar tarefas simples do cotidiano, nosso desgaste físico e emocional é enorme”, explica.
Demandas
Abel Passos elege o espaço físico e os sistemas de informação da Universidade como os principais desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência. "A falta de pisos táteis no campus impede o deslocamento rápido e gera a necessidade de termos alguém para nos ajudar no trajeto”, detalha o estudante, que cita outras falhas de infraestrutura física, como declives acentuados sem qualquer proteção e escadas com vãos livres e sem corrimões.
Para o estudante, a acessibilidade também é comprometida no acesso aos sistemas de matrícula e da biblioteca virtual. “Muitos recursos não existem ou, quando existem, são insuficientes para exercermos a cidadania com autonomia”, afirma o aluno, que é deficiente visual. Ele conta que precisou usar uma dissertação de mestrado da USP para fazer um trabalho na graduação, por não ter conseguido navegar no site da biblioteca da UFMG. Para se matricular, o aluno conta com a ajuda de funcionários e bolsistas do CADV. “O site não é totalmente acessível aos recursos de que dispomos, o que nos obriga, mais uma vez, a depender de alguém para nos auxiliar no processo”, explica.
O estudante também defende a institucionalização do CADV, com expansão do atendimento a pessoas com outras deficiências. “O CADV não é um departamento com autonomia de recursos. Além disso, ele atende apenas aos deficientes visuais. Hoje, até onde sabemos, não existem deficientes auditivos no campus e isso não se deve a uma dificuldade intelectual, mas à falta de recursos que impossibilita o ingresso e a participação desse público nas universidades. Dessa forma, a implantação de um departamento dedicado aos alunos com deficiência criaria espaços para futuros alunos”, conclui.
A Pró-reitoria
A proposta de criação da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis contempla três eixos: ações afirmativas, assistência estudantil e fomento ao protagonismo do estudante na Universidade. O projeto inclui também uma Câmara de Assuntos Estudantis como órgão máximo de deliberação e decisão da Pró-reitoria.
O evento de hoje é o sexto da série programada para reunir subsídios para criação da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis. Neste sábado, às 18h, os estudantes da Moradia Universitária 1, no bairro Ouro Preto, vão apresentar suas propostas.
Leia matéria veiculada no Boletim UFMG com mais detalhes sobre a criação da nova Pró-reitoria e notas sobre as primeiras audiências realizadas no campus Pampulha e sobre as discussões na Faculdade de Direito e no Instituto de Ciências Agrárias, em Montes Claros.