Fabíola de Paula |
A necessidade de tornar a UFMG mais acessível ao público com deficiência física marcou as discussões da sexta audiência realizada a fim de obter subsídios para a criação da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis. O encontro ocorreu na tarde desta quinta-feira, 28, na arena da Fafich. Luís Felipe, graduando do curso de Letras, expôs a realidade com a qual ele e seus colegas deparam diariamente. Conforme seu relato, estudantes com alguma dificuldade de locomoção não conseguem chegar ao segundo andar da biblioteca da Fafich. “Existe lá uma escada enorme que impede esses alunos de exercerem o direito de estudar em um ambiente silencioso, já que no primeiro andar é permitido conversar”, disse. Para Saulo, estudante de Medicina, que é deficiente visual, a Universidade não emprega investimentos suficientes em ações que beneficiem estudantes com deficiência. Ele também se queixou da ausência de participação de estudantes com esse perfil na tomada de decisões. Representante do DCE-UFMG na comissão, Bruna Jacob comentou que o ponto de partida para solucionar os problemas que os alunos com deficiência enfrentam passa pela realização de um perfil qualitativo e quantitativo. “Não há na UFMG nenhum levantamento preciso nesse sentido”, afirmou. Direito Ele destacou que melhorias nas condições dos estudantes com necessidades específicas “não podem ser tratadas como benesses, mas como cumprimento de direitos”. Para o assessor, a orientação que começa a ser estabelecida na Universidade é a de “realizar e expandir esses direitos”. E acrescentou: “Enquanto houver um aluno impossibilitado de se locomover pela UFMG ou desfrutar de sua estrutura, não estaremos no plano ideal”, declarou Tarcísio Mauro Vago. A Pró-reitoria Neste sábado, às 18h, a sétima audiência reunirá os estudantes da Moradia Universitária 1, no bairro Ouro Preto. Um seminário a ser realizado em novembro refinará as discussões propostas durante as audiências públicas. Ainda neste semestre, a proposta de criação da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis será levada à apreciação do Conselho Universitário.
Para o professor Tarcísio Mauro Vago, assessor para Assuntos Estudantis, a Universidade está demasiadamente atrasada em relação às políticas de inclusão de pessoas com deficiência. “Ainda vivemos na idade da pedra”, disse. Segundo o professor, quase não existem na UFMG prédios projetados com foco em acessibilidade.
A proposta de criação da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis contempla três eixos: ações afirmativas, assistência estudantil e estímulo ao protagonismo estudantil. Sua estrutura inclui também uma Câmara de Assuntos Estudantis como órgão máximo de deliberação e decisão.