Étienne Carjat |
A poesia é comumente considerada um gênero em crise, que desperta cada vez menos o interesse dos leitores – até mesmo entre os pesquisadores. Na próxima segunda, dia 15, Eduardo Veras, doutor em literatura comparada pela UFMG, volta à Universidade para ministrar um minicurso em que rastreia retrospectivamente a chamada “crise da poesia” – encontrando sua possível origem em Baudelaire, poeta francês do século 19, reconhecido como "pedra fundamental" da tradição moderna da poesia. Em diálogo com Walter Benjamin, a reflexão de Veras é de que Baudelaire, em sua época, já mirava os leitores que tinham dificuldade com a poesia lírica. Ou seja: a chamada “crise da poesia” não seria acontecimento recente, mas antigo e crônico. “Baudelaire foi um dos primeiros poetas a experimentar na pele o choque entre as expectativas da burguesia, a necessidade de fazer da literatura uma atividade (mercadoria) rentável e, por outro lado, o desejo de produzir uma obra de alto nível”, afirma o pesquisador. A reflexão de Veras é de que tal crise passou a ser incorporada pela própria poesia como matéria-prima para a produção poética, transformando-se em “exercício de resistência estética à lógica da mercadoria e à suposta perda de prestígio do gênero lírico na modernidade”. O minicurso Baudelaire e as origens da crise da poesia será ministrado na sala 3065 da Faculdade de Letras, das 15h às 18h. Eduardo Veras desenvolve pesquisa de pós-doutorado sobre a obra do poeta na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O evento é aberto ao público, com vagas limitadas. As inscrições devem ser feitas por meio do e-mail datravessia@gmail.com. Semana da Letras O evento, organizado pela gestão Travessia, do Diretório Acadêmico Carlos Drummond de Andrade, será realizado de 15 a 19 de setembro na Faculdade de Letras. A programação pode ser conferida no site do evento.
O minicurso faz parte da 5ª Semana da Letras – Travessia, evento anual que tem o objetivo de fomentar a discussão sobre questões relacionadas à linguagem, à literatura e aos processos históricos e sociais da realidade brasileira por meio de palestras, debates, oficinas e exposições.