Fotos de Foca Lisboa/UFMG |
Depois de construir a democracia e derrotar a hiperinflação, consideradas conquistas irreversíveis, a sociedade deve se unir para transformar o Brasil em um país competitivo, afirmou nesta manhã, no campus Pampulha, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges Lemos. “E o conhecimento tecnológico é fundamental para o crescimento, já que o Brasil não cresce mais apenas com base nos recursos naturais”, ele disse. Mauro Borges, que é professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (Face), ministrou a última conferência do 20º Congresso Brasileiro de Automação, que se encerra hoje na Escola de Engenharia. Ele foi recebido e acompanhado à mesa pelo reitor Jaime Ramírez e pelo professor Ronaldo Tadêu Pena, professor da unidade e reitor na gestão 2006-2010. O ministro lembrou que estava diante de público privilegiado para uma discussão sobre política industrial, uma vez que “pesquisas como as da área de engenharia de controle e automação viabilizam a modernização tecnológica da indústria com base em nossa própria capacidade”. Diferentemente de países desenvolvidos, que não precisam estabelecer uma política industrial, porque a vivem na prática – um exemplo são os Estados Unidos, cuja indústria é movida em grande parte pelo desenvolvimento do complexo bélico –, o Brasil, de acordo com Mauro Borges, paga preço alto por mais de três décadas sem diretrizes claras no setor. “A crise de 2008 pegou o Brasil despreparado para a competição. Sofremos grande defasagem tecnológica em relação à China e a países de fronteira”, disse o professor da UFMG, que é doutor pela Universidade de Londres e preside o Conselho de Administração do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC). Ele destacou ainda que é preciso combater os baixos níveis de produtividade e os altos custos gerados por equipamentos com idade média de 17 anos – o dobro do que se verifica nos principais países concorrentes do Brasil. Borges ressaltou que, nesse aspecto, o Brasil conta com conhecimento científico acumulado que cria vantagens comparativas sobre países com estágio de desenvolvimento parecido. “Tanto nas ciências duras quanto em áreas como a economia, o país avançou demais. Há muito tempo, o conteúdo dos nossos cursos na Face acompanha o que se faz na London School (of Economics) e em Harvard. Ou seja, temos de onde começar”, destacou Mauro Borges Lemos.
Segundo Mauro Borges,“uma política industrial intencional tem de estar conectada à pesquisa. Estaríamos em outro patamar se houvesse correspondência entre o desenvolvimento tecnológico na indústria e o ritmo da pesquisa acadêmica no Brasil”.
Vetores
Borges citou o grande potencial do “segmento das energias”, que inclui as renováveis e as não renováveis, ao defender que sociedade e governo devem escolher os setores que funcionarão como vetores do desenvolvimento da indústria. Outros segmentos que devem fazer esse papel, segundo o ministro, são o agronegócio e o que ele chamou de complexo da saúde, “em razão do enorme poder de compra pública”. “Aí está uma grande oportunidade de desenvolvimento industrial, que envolve áreas diversas como a dos equipamentos médico-hospitalares, a biotecnologia e a química”, afirmou Mauro Borges Lemos.