Universidade Federal de Minas Gerais

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Marilena Chauí: implicações da tecnologia na contemporaneidade

Em conferência, Marilena Chauí diz que tecnologia gera crises temporais e espaciais

segunda-feira, 13 de outubro de 2014, às 14h15

O embate entre criatividade-democratização e controle-vigilância na internet foi um dos principais temas discutidos pela professora e filósofa Marilena Chaui, na manhã desta segunda-feira, 13, durante a abertura da Semana do Conhecimento 2014, cujo tema Ciência e tecnologia para o desenvolvimento social será trabalhado em todo o país durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e que, na UFMG, está integrada à Semana do Conhecimento.

Em conferência de cerca de uma hora, no auditório da Reitoria, no campus Pampulha, Marilena abordou a onipresença da tecnologia e suas implicações filosóficas e políticas na contemporaneidade. Confira alguns trechos.

Amplificação do pensamento
Antes de abordar essas implicações, a professora fez uma contextualização teórica sobre o surgimento da informação como novo paradigma do conhecimento. “Hoje o paradigma do conhecimento é a informação”, afirmou. Segundo Marilena, as invenções tecnológicas têm o poder de amplificar as forças intelectuais, em contraposição às invenções surgidas após a Revolução Industrial, que amplificavam o poder do corpo humano. As tecnologias amplificam “não mais os pés, as mãos, a cabeça, mas o cérebro”. Para ela, diferentemente das máquinas, “hoje o autômato não imita, mas substitui o ser vivo.”

De acordo com a filósofa, a tecnologia produz uma linguagem autorreferente e autocentrada. “É uma linguagem despojada da relação com a ausência”, definiu. Na visão de Marilena, a criação de signos por meio da linguagem deu lugar à própria linguagem como uma “rede de signos” dada de antemão. Com isso, ficaria abolida a separação entre sujeito e objeto. “Essa indistinção espreme três grandes promessas da tecnologia para o século 21: a robótica, a biotecnologia e a nanotecnologia”, disse.

Dimensão política e social
A mudança na comunicação, com o avanço da internet, é, na opinião de Marilena, “gigantesca”. Para ela, a forma de organização das informações se alterou de forma significativa, principalmente com o crescimento dos sites de rede social: “Hoje o centro está em toda parte, não existe circunferência.”

Há, neste momento, segundo a professora um grande embate entre as possibilidades de criatividade e democratização propiciadas pela internet e, ao mesmo tempo, o controle e a vigilância impostos ao cidadão. “Nós, usuários, percebemos a interface da internet, mas ignoramos sua arquitetura econômica e funcional. Não sabemos onde estamos nem o que fazemos”, afirmou.

Para a filósofa, a estrutura econômica fica escondida, e o usuário não possui conhecimento sobre os protocolos informáticos. Nesse novo mercado, segundo Marilena, o usuário é transformado em mercadoria, por meio da venda de seus dados e informações para uso privado de empresas. “Ao mesmo tempo em que permite ao usuário a apropriação social, cultural, econômica e política de seu próprio mundo, a internet invade seu espaço”, disse a professora, que citou como exemplo as inúmeras propagandas indesejadas recebidas por e-mail.

Nesse contexto, Marilena elogiou o Marco Civil da Internet, que é uma “ação democrática e pioneira”. A professora lembrou que a legislação foi elogiada em vários locais do mundo por propor aspectos como a neutralidade da rede e o direito do usuário à privacidade e à liberdade.

Compressão de tempo e espaço
No campo filosófico, Marilena considera que a compressão do espaço e do tempo produzida pelas novas tecnologias traz problemas para o pensamento, para as artes e para a política. A tecnologia, segundo ela, reduz o espaço ao ‘ponto’ - atopia - e o tempo ao ‘instante’ - acronia -, o que gera crises justamente por sermos “seres temporais e espaciais”.

Um dos incômodos pessoais que a professora admitiu é o uso de conceitos como ‘realidade’ ao ambiente tecnológico. “Por que não se inventa outro universo? Incomoda-me essa dependência de conceitos que já foram pensados anteriormente e são aplicados em um contexto em que se tornam absurdos”, questionou.

Nesse contexto, para Marilena, não faz sentido falar de ‘realidade virtual’, uma vez que, filosoficamente, o virtual representaria potencialidades latentes na sociedade, logo, oposição ao conceito de ‘real’. Segundo a filósofa, a internet também alterou o sentido de ‘virtual’. “Ele não se opõe mais ao real, mas ao atual, que sempre pode ser atualizado. É algo que existe sem estar presente em um tempo e em um espaço determinados. A acronia e a atopia são suas formas de existência”, afirmou.

A acronia e a atopia também promovem o que a professora chamou de “desincorporação do ser humano” no ciberespaço, onde o usuário pode deixar suas visões, opiniões e imagens do mundo. “Não há morte na internet. O indivíduo pode transcender a mortalidade e viver para sempre no espaço virtual”, concluiu.

Leia entrevista concedida pela professora Marilena Chauí ao Portal UFMG na semana passada.

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