O deputado federal Marco Feliciano apresentou à Câmara, no início deste mês, um projeto de lei que obriga o ensino do criacionismo na grade curricular de todas as escolas de educação básica do Brasil, públicas e privadas. Segundo ele, a lei visa diminuir uma confusão entre as teorias científicas ensinadas nas escolas e as vivências religiosas dos alunos. A proposta tem gerado polêmica, já que os opositores afirmam que sua aprovação colocaria em xeque a confiabilidade da ciência e a laicidade do Estado brasileiro, já que a teoria criacionista é uma das bases da filosofia cristã. Para falar sobre o tema o Espaço do Conhecimento promove neste sábado, dia 29, às 11h, o Café Controverso Criacionismo, Evolucionismo e o Design Inteligente. Os convidados são Mario Alberto Cozzuol, professor do Departamento de Zoologia da UFMG, e Carla Miller, consultora pedagógica da Kroton Educacional e responsável pela Rede Cristã de Educação. Carla é a favor da aprovação da lei proposta por Feliciano. “Há uma tendência a se relacionar o criacionismo apenas à religião, mas o criacionismo científico não está ligado a uma fé específica. Hoje, existem cientistas conceituados que negam a ideia de que toda a complexidade do surgimento da vida possa ser explicada pelo acaso e têm buscado evidências de que, por trás da origem da vida, existe uma inteligência criadora”, diz. Para ela, esse tipo de abordagem pedagógica não atentaria contra a diversidade cultural ou religiosa do país. “Ensinar o criacionismo científico não significa abandonar os conteúdos evolucionistas, mas apresentar uma nova possibilidade de investigação. E se a nossa população brasileira é majoritariamente cristã, por que não trabalhar também essa outra visão nas escolas?”, argumenta. Mario, por outro lado, afirma que a proposta de lei nada mais é que uma tentativa de doutrinação religiosa disfarçada de uma nova visão da ciência. “É uma tentativa clara de instaurar a crença particular da bancada evangélica no ensino de ciências das escolas que tem que ser combatida com veemência”, afirma. Para o professor, a argumentação do criacionismo científico viola os princípios mais simples da ciência. “A ideia de que possa existir um criacionismo com embasamento científico é uma grande falácia, que já foi, inclusive, desmascarada internacionalmente. Ao serem contestados até os últimos argumentos, os próprios ‘cientistas’ defensores da teoria acabaram reconhecendo que, na verdade, buscam uma ciência cristã, e isso simplesmente não existe”, salienta. O Espaço do Conhecimento fica na Praça da Liberdade, nº 700. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 3409-8366. (Com Assessoria de imprensa do Espaço do Conhecimento)