A UFMG obteve nota máxima – 5 – no Índice Geral de Cursos (IGC), segundo indicadores de qualidade da educação superior em 2013, divulgados nesta quarta-feira, 17, no Diário Oficial da União, pelo Instituto de Pesquisas Anísio Teixeira (Inep). Os cursos de graduação da UFMG avaliados em 2013 obtiveram média igual a 4 no Conceito Enade e no Conceito Preliminar de Curso (CPC). Entre mais de duas mil instituições de educação superior brasileiras avaliadas, apenas 25 obtiveram o conceito máximo no IGC. Nesse grupo, estão, além da UFMG, as também federais de São Paulo (Unifesp), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de São Carlos (Ufscar), do ABC (UFABC), de Santa Catarina (UFSC), de Lavras (Ufla) e de Viçosa (UFV). Também se enquadra nessa categoria a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em entrevista ao Portal UFMG, a professora Cristina Alvim, diretora de Avaliação Institucional, fala sobre as notas obtidas pela Universidade, as alterações na metodologia de cálculo dos índices e as lições que os cursos e as instituições podem tirar desse tipo de avaliação, que faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). É possível perceber se houve melhoria nos cursos de graduação do país desde 2004 quando o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) foi aplicado pela primeira vez? Não exatamente, porque houve mudanças na metodologia de cálculo tanto do Conceito Preliminar do Curso (CPC) quanto em outros aspectos que compõem esses indicadores. A fórmula para o cálculo do CPC variou ao longo dos anos. Entre 2004 e 2013, o peso da nota Enade caiu de 0,40 para 0,20, e o peso da nota Indicador da Diferença de Desempenho (IDD) aumentou de 0,30 para 0,35. Assim, não é simples analisar a série histórica dos resultados do CPC. Além do resultado do Enade, que outros fatores entram no cálculo do Inep para avaliar os cursos de graduação? O IGC é o índice geral dos cursos de cada instituição, enquanto o CPC se refere a cada curso, e tem três dimensões: a primeira é dada pelo desempenho dos concluintes no Enade; a segunda, por características do corpo docente (proporção de mestres, doutores e regime de trabalho); a terceira dimensão é a percepção do aluno em relação às suas condições de formação, opinião levantada por meio do Questionário do Estudante (QE). Todos os indicadores obtidos são convertidos para uma nota padronizada contínua, que vai de 0 a 5. Como dois cursos, com as mesmas notas no Enade, podem ter diferentes resultados no Conceito Preliminar de Curso (CPC)? O CPC é composto de oito indicadores, sendo os de maior peso a nota dos concluintes no Enade e o IDD (diferença entre os desempenhos observado e esperado). O IDD teria por finalidade destacar do desempenho médio dos estudantes concluintes aquilo que diz respeito especificamente ao valor agregado pelo curso ao desenvolvimento desses estudantes. Para isso toma-se como base de comparação seus desempenhos como concluintes no Enade e suas características de desenvolvimento antes de ingressarem na educação superior. Na prática, o IDD é calculado subtraindo-se da nota do Enade a nota média dos ingressantes no Enem, a proporção de ingressantes com pais com ensino superior e a razão entre concluintes e ingressantes. Assim, o CPC depende não só do desempenho do concluinte (20% da nota Enade), mas também do perfil do estudante ingressante (35% do IDD). Isso fica claro ao se comparar, por exemplo, os cursos de Medicina Veterinária e de Tecnologia de Radiologia nessa avaliação de 2013. A nota do Enade foi muito boa em ambos (4,06). Mas a Veterinária, que tem média mais elevada dos ingressantes no Enem, obteve IDD igual a 1,73, e a Tecnologia em Radiologia – com outro perfil de ingressantes – ficou com IDD de 3,7. O CPC do curso de Tecnologia em Radiologia foi 5. A Medicina Veterinária, que tinha CPC de 5 em 2010, caiu para 4, mas isso não significa que o curso piorou. No Enade de 2010, o IDD não usava a nota do Enem, e sim o desempenho do ingressante na prova do Enade. O IDD da Veterinária em 2010 era 4,68. Isso mostra como o IDD influencia no conceito geral. Talvez o peso atribuído a cada indicador deva ser repensado. A opinião dos alunos também tem peso importante na avaliação das instituições... Sim. A percepção discente sobre o processo formativo é avaliada no Questionário do Estudante (QE), que pode ser preenchido num período de aproximadamente um mês antes da prova. No Enade de 2013, houve uma reformulação do QE. Além das perguntas sobre o perfil do estudante, são apresentadas 42 assertivas sobre a organização didático-pedagógica do curso, infraestrutura e oportunidades de ampliação da formação (intercâmbio, extensão, pesquisa, etc). O peso desse componente na composição do CPC é de 15%. Sabemos que o aluno que realiza um curso na UFMG tem uma alta expectativa em relação às condições oferecidas pelo curso e que também possuem uma percepção crítica dessas condições que, provavelmente, foram expressas no QE. Além disso, muitos não possuem outros parâmetros de referência ou, quando possuem, podem ser inclusive em experiências de intercâmbio internacional. O fato é que, segundo a percepção de nossos alunos, precisamos melhorar nesse componente. A média do conceito nesse item foi: 2,4 para infraestrutura, 2,2 para organização didático-pedagógica e 3,2 para oportunidades de ampliação da formação. Que lições podem ser tiradas dessas avaliações? A avaliação tem recebido cada vez mais destaque no contexto da educação superior no Brasil, pautado pela expansão da oferta e por políticas de inclusão, com vistas a assegurar sua qualidade. Aos poucos, as pessoas estão se apropriando melhor do significado do Enade, que é realizado desde 2004. Mas ainda precisamos caminhar muito nessa compreensão, na sensibilização e na conscientização de que não basta apenas ver as notas, mas que é fundamental entender o que elas significam e as necessidades de mudanças que sinalizam. Vale avaliar cada questão da prova, vale repensar o nosso processo de avaliação interno (tipo e qualidade das provas), vale escutar o que os alunos que responderam ao questionário têm a dizer sobre o processo formativo. Vale aprender com coordenadores de colegiado que planejaram a participação do Enade e conseguiram maior engajamento dos alunos no processo. Vale pensar sobre a parceria instituição-professores-servidores-alunos. Essa reflexão tem de ser interna ao curso, pois somente quem participa sabe dizer onde estão os problemas e como resolvê-los, mas também tem de ser externa, pois as soluções e propostas dependem do diálogo entre os setores e do compartilhamento de experiências. A UFMG não é um conjunto de prédios, não é um conjunto de cursos e seus currículos, mas é sim, principalmente, as pessoas. O nosso retrato parece com o que somos? Quais os cursos avaliados em 2013? Em 2013, foi realizada a quarta avaliação dos cursos da área da Ciências da Saúde e Agrárias (Agronomia, Educação Física, Farmácia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Medicina, Medicina Veterinária, Odontologia, Nutrição, Tecnologia em Radiologia e Zootecnia). A cada três anos, um grupo de cursos é avaliado. Existe a chamada área verde (saúde e agrárias) cujos cursos foram avaliados em 2013; o grupo azul, avaliado em 2014, de engenharias e licenciaturas; e, no ano que vem, volta a vermelha, de humanidades.