As manifestações do movimento modernista brasileiro em Minas Gerais, objeto central da I Semana da Arte Moderna – de 24 de fevereiro a 1º de março, na Casa Kubitschek –, serão abordadas em palestras de três professores da UFMG. Rodrigo Vivas, do programa de pós-graduação em Artes e diretor do Centro Cultural UFMG, fará a palestra de abertura, sobre eventos fundamentais para a história da arte moderna em Belo Horizonte. Regina Helena Alves da Silva, dos programas de pós em História e Comunicação Social, vai abordar, no mesmo dia, o modernismo sob o ponto de vista da "localidade como produtora". Eneida Maria de Souza, professora emérita da Faculdade de Letras, vai falar, na sexta-feira, 27, sobre a construção da Pampulha como parte do projeto modernizador do governo JK. Inscrições para as palestras devem ser feitas pelo telefone 3277-1586 ou pelo endereço educativos.ck@pbh.gov.br. Serão emitidos certificados de participação. A Casa Kubitschek fica na Avenida Otacílio Negrão de Lima, 4188, Pampulha; o telefone é (31) 3277-1586. Salões Em 1944, foi realizada, de acordo com a imprensa mineira, a “maior exposição de Arte Moderna já realizada no Brasil”. A mostra foi uma entre várias atividades (palestras, espetáculos musicais e caravanas) que envolveram personalidades da elite intelectual. O objetivo era rediscutir a Arte Moderna brasileira inaugurada em 1922. Participaram artistas como Tarsila do Amaral, Portinari, Anita Malfati, Guignard, entre outros. Após a abertura, a exposição foi invadida e oito telas foram danificadas. Impactos e legados Segundo Regina Helena, a dimensão estética e política do movimento nas cidades mostra “como podemos sair de um mero arrolar de autores e obras para uma discussão mais aprofundada da ‘produção da localidade’ ou a ‘localidade como produtora’. A proposta é de pensar a cultura urbana belorizontina como um novo campo de entendimento do modernismo como gerado pelo urbano e gerador do urbano”. Modernidade tardia A literatura e a arte surgidas nos anos 40, ainda segundo a professora, acompanham o debate acerca dessas modernidades. “Se no período modernista o conceito de arte moderna no Brasil parecia estar consolidado, na arquitetura essa tendência não havia ainda se concretizado”, explica Eneida. Ela acrescenta que a construção do conjunto arquitetônico moderno da Pampulha por Oscar Niemeyer, em 1943, “se inscreve como marco dessa reflexão sobre outro tipo de modernidade, entendida como manifestação cultural que se realizava num tempo deslocado e defasado, fora de um lugar previamente estipulado e associada a vertentes periféricas de cultura”. Conheça a programação. Terça, 24 10h – 12h 14h 15h30h Quarta, 25 Quinta, 26 15h 18h: Sarau Livre no Jardim Sexta, 27 10h 15h Sábado, 28 Domingo, 1º de março
Realizada pela Fundação Municipal de Cultura e aberta ao público, a Semana terá, além das palestras, oficinas, intervenções, exibição de filme, sarau, espaços interativos e visitas temáticas.
Em sua exposição, o professor Rodrigo Vivas vai analisar dois salões considerados fundamentais para a história da arte moderna em Belo Horizonte e no Brasil, incluindo as obras participantes. O Salão Bar Brasil, inaugurado em 1936, demarca, segundo ele, a primeira iniciativa organizada dos artistas insatisfeitos com o circuito artístico mineiro. Como resultado das reivindicações, a Prefeitura de BH criou os Salões de Arte que se transformaram em um dos únicos mecanismos de legitimação e financiamento dos artistas da cidade.
A professora Regina Helena Alves Silva considera que o momento é de rediscutir as questões relacionadas ao modernismo. “É fundamental pensarmos hoje nos impactos e legados do modernismo e não tratar o tema apenas como um momento histórico”, diz. Ela pretende abordar como a cultura do modernismo se distinguiu em diferentes locais, partindo da cidade de Belo Horizonte.
De acordo com a professora Eneida Maria de Souza, é possível destacar o momento em que, no Brasil, de maneira peculiar, arte e tecnologia se articulam com a razão do Estado, por meio do projeto de construção da Pampulha em Belo Horizonte, na década de 1940, pelo então prefeito Juscelino Kubitschek. Ela cita o professor Wander Melo Miranda, que o definiu como um “projeto modernizador que culmina com a criação de Brasília e a política desenvolvimentista dos anos 50. Tem-se aí uma espécie de narrativa fundadora da nossa modernidade tardia – tentativa de curar uma ferida narcísica, de preencher o hiato entre o impulso modernizante e a herança do passado”.
Abertura: palestra do professor Rodrigo Vivas Andrade (UFMG)
Os salões de Arte Moderna em Belo Horizonte – de 1936 a 1944
Palestra da professora Regina Helena Alves da Silva (UFMG)
O modernismo no Brasil e em Belo Horizonte
Oficina de Caricatura
19h30
Cine Kubitschek – exibição do filme Macunaíma, nos jardins da Casa
Palestra-concerto do professor Loque Arcanjo (UNI-BH)
Tema: Heitor Villa Lobos
Palestra da professora Alexandra Nascimento (UNI-BH)
Tema: O Modernismo na arquitetura
Palestra da professora Eneida Maria de Souza (UFMG)
Tema: Modernidades tardias no Brasil
Às 11h, 14h e 15h30: Visita temática (essas visitas devem ser solicitadas pelo visitante na recepção)
15h: Visita temática