Professores da UFMG e lideranças ligadas a culturas tradicionais participam nesta terça-feira, dia 10, no auditório do Centro de Atividades Didáticas (CAD) 2, de evento de abertura do Programa de Formação Transversal Encontro de Saberes. Nova modalidade de percurso curricular, essas formações englobam conjunto de conteúdos de interesse geral, constituindo “minicurrículos” em diferentes áreas do conhecimento, que podem ser cursados por qualquer aluno de graduação e que dão direito a um certificado após a integralização de 360 horas-aula. Segundo o pró-reitor de Gradução, Ricardo Takahashi, a formação viabiliza um movimento que converge em duas direções: a primeira tem o sentido de resgatar culturas indígenas, quilombolas e tradicionais, extremamente enraizadas na vida brasileira, e de recolocá-las em seu devido lugar, valorizando os seus mestres. O segundo eixo, diz Takahashi, está relacionado com o próprio enriquecimento da formação do aluno da UFMG. “A formação transversal certamente contribuirá para que ele se torne um cidadão melhor e com uma visão alargada da realidade brasileira”, afirma o pró-reitor. Ele também cita áreas em que a formação também oferecerá ganhos em “performance técnica” aos seus matriculados, como as de antropologia, letras, com ênfase em linguística, artes e arquiteturas, entre outras. Encontro de mestres Também comporão a mesa o reitor Jaime Ramírez, a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi, a diretora de Ação Cultural, Leda Martins, a pró-reitora de Extensão, Benigna Maria de Oliveira, e o professor José Jorge de Carvalho, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa Às 10h30, será realizada a mesa Experiência e saberes dos mestres das culturas tradicionais na UFMG, com participação dos mestres Jorge Antônio dos Santos e José Bonifácio da Luz, da comunidade dos Arturos, de Contagem, da capitã da Guarda de Moçambique, Pedrina de Lourdes Santos, do município de Oliveira, e de Mestre Badu, do Quilombo do Mato do Tição, de Jaboticatubas. Participam dessa segunda mesa, as professoras Maria Aparecida Moura, da Escola de Ciência da Informação (ECI), Rosângela de Tugny, da Universidade Federal do Sul da Bahia, e a produtora cultural Terezinha Furiati, da Diretoria de Ação Cultural (DAC). Saberes tradicionais e a cura A partir das 15h30, ocorre a série Moçambiques de Lá e de Cá: relato de experiências de diálogo intercultural transnacional de congadeiros de Justinópolis com grupos tradicionais em Moçambique. Participam da atividade os mestres Antônio, Dirceu e Nicinha e a doutoranda Juliana Garcia, do Programa de Pós-graduação em Antropologia, da Fafich. Às 17h, os participantes poderão desfrutar do Banquete outros saberes: experimentação com a memória gustativa, lugares e sabores não convencionais. O evento será encerrado com sessão comentada de estreia do Cine Maloca Móvel, na qual será exibida uma produção cinematográfica sobre temática indígena. Procura As 40 vagas ofertadas para a primeira turma, com início neste mês, já se esgotaram. Duas outras serão iniciadas em maio e junho, com 60 vagas ao todo. “A procura tem sido muito boa, o que indica que os próprios estudantes avaliam esse conjunto de disciplinas como positivo para a sua formação”, analisa Ricardo Takahashi.
A solenidade começa às 9h30, com mesa que vai contar com a presença de mestres dos saberes tradicionais, como Isabel Cassemiro, rainha conga de Minas Gerais, Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, e o líder indígena Zé Antoninho Maxacali.
Em seguida, a raizeira e especialista em farmácia tradicional, Luceli Pio, ministra a conferência O encontro de saberes como projeto de inclusão etnicorracial e descolonização das universidades brasileiras – os saberes tradicionais e a cura, com presença, mais uma vez, do professor José Jorge de Carvalho.
Três disciplinas que integrarão o elenco de conteúdos Saberes Tradicionais passam a ser ofertadas regularmente a partir deste semestre: Artes e ofícios dos saberes tradicionais: curas e cuidados, com 90 horas-aula; Línguas e narrativas: Ingira de Ingoma – africanias, com 45 horas-aula; e Cosmociências: cinema e pensamento maxacali, com 60 horas-aula.