Fotos de Foca Lisboa/UFMG |
É preciso inserir a transdisciplinaridade nas práticas acadêmicas, incrementar a interação das atividades do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) com graduação e a pós-graduação e até rediscutir o conceito de transdisciplinaridade. Essas foram algumas das ideias originadas em dois dias de relatos e debates do Seminário Ieat 2015, que foi encerrado na tarde de hoje, no prédio da Reitoria, com a presença do reitor Jaime Ramírez, da vice-reitora Sandra Goulart Almeida, do diretor do Ieat, Estevam Las Casas, de membros do Comitê Diretor e professores residentes do Instituto. As exposições de outra sessão do seminário chamaram atenção para aspectos como o perigo de se tratar os temas superficialmente, sob o pretexto da transdisciplinaridade, e a importância do respeito mútuo na relação entre os saberes científicos e tradicionais. Segundo o relator, professor Marcio Flávio Moraes, do Instituto de Ciências Biológicas, os debatedores lembraram a dificuldade da interface entre áreas com métricas de avaliação diferentes e fizeram sugestões como a criação de centros governamentais para promover a interação universidade-empresa. A mesa-redonda sobre a transversalidade no ensino universitário, ainda de acordo com Marcio Moraes, questionou uma educação demasiadamente profissional, desinteressante para os alunos e para pesquisadores, e valorizou os benefícios sociais da educação a distância, que poderia ser explorada para os cursos de natureza transversal. “Um dos depoimentos chamou a atenção para a importância da residência no Ieat como um recomeço acadêmico. Essa experiência pode reabrir problemas e propiciar novos caminhos”, disse Daisy Cunha. Ela enumerou sugestões como a indução da colaboração por chamadas temáticas do Ieat, o estímulo ao prolongamento da convivência entre os residentes e a sistematização de ganhos propiciados pelo processo de pesquisa transdisciplinar. 'Pensar o ensino superior' O professor José Vicente Tavares dos Santos, diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que fez palestra no primeiro dia do evento, defendeu o incremento das relações entre os institutos do gênero no Brasil, com encontros em videoconferência, e o apoio do governo federal a um programa de bolsas para a visita de pesquisadores estrangeiros de renome no campo dos estudos avançados e transdisciplinares. A itinerância das atividades do Ieat, defendida por pesquisadores ao longo do seminário, foi
Sandra Almeida [foto], que conduziu a sessão, enfatizou que não se pode mais lidar com o conhecimento como nos últimos anos. “Precisamos de uma nova abordagem, procurar o ‘desvio’ e o ‘desver’, para citar o poeta Manoel de Barros. A transdisciplinaridade é um caminho sem volta. Queremos o Ieat mais inserido no contexto da vida acadêmica, como indutor do diálogo entre as práticas nas diversas áreas”, afirmou. Estevam Las Casas acrescentou que uma das ideias surgidas dos encontros do seminário foi o intercâmbio de professores entre unidades.
Ao relatar a primeira sessão do evento, que reuniu os dirigentes de gestões anteriores do Instituto, a professora Marisa Mancini [foto], da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, disse que os participantes sugeriram desde a revisão do conceito de transdisciplinaridade até a canalização das atividades para a nova geração de alunos, passando pelo investimento na autonomia do Ieat.
‘Recomeço’
Os workshops de residentes realizados na manhã desta sexta-feira na Escola de Engenharia e na Faculdade de Medicina geraram, segundo os relatores, Mauricio Loureiro , da Escola de Música, e Daisy Moreira Cunha [foto], da Faculdade de Educação, ideias como a criação de uma instância dedicada à “complexidade”, que abrigaria cursos e docentes, e reforçaram o princípio da não cristalização teórico-metodológica.
Convidado pelo Instituto para participar do evento e oferecer suas impressões ao final, o pós-doutorando em Ciência Política Thiago Coacci Pereira [foto] propôs ao Ieat a missão de analisar regras e procedimentos internos e externos à UFMG que incentivam ou desencorajam a transdisciplinaridade. Ele exemplificou: “Os critérios de periódicos desestimulam os pesquisadores a trabalhar na perspectiva transdisciplinar". Thiago também sugeriu a implantação de núcleos de estudo que aproximem o Instituto dos estudantes e a criação de residências para pós-graduandos.
Em intervenção na qualidade também de “membro da comunidade”, o reitor Jaime Ramírez defendeu a ampliação das atividades do Ieat e destacou a importância de se “pensar o ensino superior, que é papel da UFMG que extrapola a Faculdade de Educação”.
tema de fala do professor Eduardo Valadares, do Icex. Ele defendeu a realização de workshops conduzidos por pesquisadores residentes em departamentos e escolas diversos. “Os princípios da transdisciplinaridade devem extrapolar a esfera do Instituto, por meio de ações concretas que aproveitem a sinergia e o respeito entre as áreas”, disse.