As tensões resultantes dos choques de interesses fazem parte do jogo democrático e tornam-se cada vez mais frequentes na medida em que os grupos sociais de origens distintas e com pautas e demandas específicas conseguem ocupar os espaços de representação. Diante disso, a influência da religião no cenário político e o desafio de articular interesses tão díspares não encontram respostas simples. O Café Controverso do próximo sábado, 11 de abril, recebe o professor de filosofia política Carlo Gabriel Kszan Pancera, da UFMG, e o professor Cássio Corrêa Benjamin, da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), para discutir as atribuições do estado democrático e o papel da religião nesse contexto. Terreno de disputas Ainda segundo Benjamin, a democracia brasileira vive um momento crítico no tocante à sua laicidade: "A estrutura institucional brasileira separa bem religião de política, entretanto, dada a nossa tradição de um catolicismo muito atuante na esfera política, e com o crescimento dos grupos evangélicos a partir dos anos 70, essa separação encontra-se em um momento delicado. Há grupos politizando a religião e nesse ponto não há como prever o que vai acontecer. O estado laico é uma disputa permanente”, completa. O professor ressalta ainda a complexidade desse quadro que fragiliza a laicidade da democracia brasileira e a sobrevivência de algumas religiões: “Não é possível generalizar e taxar todos os grupos religiosos como radicais. Para alguns, está claro que o estado laico é importante, inclusive para a sobrevivência da própria religião. Há inúmeras disputas internas nos grupos e, mesmo em correntes majoritárias, não há consenso sobre a destruição do estado laico. O evento será realizado no Espaço do Conhecimento UFMG, na Praça da Liberdade, 700, a partir das 11h. A entrada é franca. Fechado no domingo Regularmente, o Espaço do Conhecimento UFMG funciona de terça a domingo, das 10h às 17h, e nas quintas-feiras, das 10h às 21h. A programação do espaço pode ser acessada no site www.espacodoconhecimento.org.br.
De acordo com Cássio Benjamin, a presença das religiões em estados que vivem regimes democráticos gera um cenário naturalmente conflituoso. “As religiões têm um âmbito público muito forte, o que cria uma tensão constante com a lógica democrática. Para uma democracia funcionar, as religiões precisam ser reformadas e perder seu aspecto político. Obviamente, nem todos os grupos têm interesse em passar por essa transformação”, afirma.
Neste domingo, 12, o Espaço do Conhecimento UFMG não abrirá. O museu retorna às suas atividades regulares na terça-feira, 14.